O tema das pragas do Egito desperta muita curiosidade. A saga do povo hebreu, escravo no Egito, que busca a libertação é uma narração clássica, que foi representada de diversos modos, seja na arte que nas interpretações exegéticas.

O livro do �?xodo (capítulos 7 - 12) conta que Moisés, enviado por Deus para libertar o povo, tentava convencer o Faraó a deixar partir o povo hebreu de volta para a sua terra, a Palestina. Por boca de Araão, Moisés anunciou ao Faraó possíveis castigos divinos para convencê-lo a libertar o povo. O Faraó não acreditou nas ameaças de Moisés e o castigo chegou, através das famosas 10 pragas do Egito:
1. toda a água se transformou em sangue;
2. invasão das rãs;
3. invasão dos mosquitos;
4. invasão das moscas
5. animais ficam doentes com peste;
6. tumores em animais e nos homens;
7. campos devastados pela chuva de pedra;
8. campos devastados pelos gafanhotos;
9. Egito coberto durante 3 dias pelas trevas;
10. morte dos primogênitos.

Depois de cada castigo o Faraó prometia libertá-los, mas os hebreus não conseguiram a liberdade senão depois da última praga, que trouxe a morte dos primogênitos egípcios, poupando aquele dos hebreus. O Faraó convocou o povo escravo e permitiu que partissem. Depois se arrepende e persegue Moisés até o Mar Vermelho, onde é derrotado pelo mar que se fecha depois da passagem dos hebreus.

A nossa mentalidade positivista não pode deixar de se perguntar: Essa história contada pelo �?xodo é verdade ou foi inventada. Dentro desta interrogação está a sua preocupação em saber quanto tempo houve entre uma praga e outra.

Lendo a história parece que as pragas aconteceram uma depois da outra, em questão de poucos dias; esse é o tempo da narração. Contudo, se olhamos, por exemplo, as pragas 7 e 8 vemos que se a história é verdadeira, não foi bem assim: como podem os campos serem destruídos pela chuva de pedra e logo depois pelos gafanhotos? Entre uma praga e outra, nesse caso, naturalmente precisamos de um tempo considerável.

Contudo, em relação às pragas, a nossa reflexão precisa trasncender nossas concepções históricas. A Bíblia não é um livro histórico, no sentido hodierno de �??história�??. A Bíblia é uma leitura dos acontecimentos protagonizados pelo povo escolhido por Deus, o povo de Israel. Tudo é lido sob essa ótica. Se colocamos um óculos com lentes amarelas, toda a realidade se trasforma em amarelo. Os autores sagrados usam um �??óculos�?? especial e tudo, contado por eles, ganha uma cor coerente com as suas lentes.

Históricamente não sabemos nada sobre as pragas narradas em �?xodo. Há quem sugira o contexto da grande explosão de um vulcão que destruiu a ilha de Thera Santorini, no Mar Ageu. Mas isso teria acontecido por volta de 1500 antes de Cristo, há 300 anos antes da data convencional do êxodo do povo de Israel.

Pode ser que na memória coletiva do povo houvesse a recordação de eventos naturais, catástrofes, que posteriormente foram lidas sob a ótica da fé, como interventos divinos em favor do povo eleito.