Jesus nasceu em Belém

 

Quem não recebeu, nesses dias, cartões de natal, hoje em dia, a maioria virtual... As mensagens são sempre muito bonitas. É um tempo propício para propagar mensagens de esperança, profundas, inspiradas nos valores cristãos da fraternidade, da paz e da luz para a humanidade.

Aquilo que me tem impressionado e feito refletir são as imagens usadas para esses cartões. Os elementos que predominam são o Papai Noel e a sua toca, a árvore de natal, com detalhes de ramos dessa planta, o sempre-verde pinheirinho (em alemão: Tannenbaun), as bolinhas da árvore, luzes com destaque para a estrela de Natal, a paisagem cheia de neve, pacotes de presente, etc.

Para confirmar minha impressão, acabei de buscar em google “cartões de natal” e a primeira imagem com a recordação do nascimento de Jesus aparece na fila 39. Em base à resolução da minha tela, cada fila tinha 7 imagens. Portanto a primeira imagem do presépio, nessa busca do famoso motor de Mountain View, aparece no 273º. lugar!

Sabemos bem que tudo isso é a consequência do mundo secularizado e principalmente da força do consumismo que conseguiu separar o fator religioso, que não vende, desse momento de festa. No ambiente cristão, graças a Deus, recorda-se bem que estamos celebrando o aniversário do nascimento de Jesus. E meus amigos mandaram muitos cartões com a imagem da cabana no horizonte, com a Maria e José em pé, diante do menino no seu leito, iluminados pela estrela-cometa: uma paisagem bonita, tranquila, quase idílica.

No final do século passado, tive a graça de viver a noite de 24 de dezembro, durante 4 anos seguidos, em Belém. Quanto longe está tudo aquilo da imagem que se difunde do natal! Desde sempre o lugar do nascimento de Jesus é recordado em uma cripta que fica embaixo do altar da Igreja da Natividade, um local disputado por várias confissões cristãs, com procissões e rituais diferentes, imersos em uma confusão ritual e linguística, que quase recordam a idade média. A gruta de pedra é um lugar estreito, com um revestimento de gosto questionável, aonde predomina o cheiro das velas e lâmpadas, acesas dia e noite. Uma escada, com cerca de 20 degraus, nos conduz a essa gruta. Na parte anterior da gruta, embaixo de um altar encontramos uma estrela, encrustada na pavimentação feita com mármore branco, uma estrela de prata com uma inscrição em latim: “hic de Virgine Maria Iesus Christus natus est” (aqui Jesus Cristo nasceu da Virgem Maria). De todo o mundo chegam peregrinos, que ali se ajoelham e, cheios de reconhecimento, beijam comovidos aquela estrela e adoram o menino Jesus:

Eis que lá das estrelas,
ó Rei Celeste
Tu vens nascer na gruta, ao frio agreste
Ó Menino meu Divino, eu te vejo aqui tremer
Ó Deus amado
Ó quanto Te custou me ter salvado!

Como bem lembrou o Papa nesses dias, o consumismo não está no presépio de Belém. Nós cristãos sabemos disso, embora seja oportuno que nos seja recordado. Mas quem sabe não sabemos e ninguém nos lembra que Jesus não nasceu em uma situação idílica. Nasceu em Belém, na periferia de Jerusalém; nasceu em uma casa arranjada por acaso, sem condições ideais. No presépio, como também sublinha o Papa, “está a realidade, a pobreza e o amor”.

Faça um tour virtual e visite o local do nascimento de Jesus, em Belém.