Nos últimos dias a imprensa deu muita ênfase àquilo que foi divulgado pelos órgãos do governo de Israel, sobre novas descobertas na área do Mar Morto, entre Qumrãn e Massada: fragmentos, em grego, dos textos dos profetas Zacarias e Naum. Todo esse barulho, um pouco exagerado, repercute por causa da possível ligação com os Manuscritos do Mar Morto, encontrados na metade do século passado, na área de Qumrãn, sempre às margens do Mar Morto.

A descoberta dos manuscritos do Mar Morto foram muito importantes pois trouxe à luz textos bíblicos muito antigos. Mas não há muita novidade, exceto o fato que eles confirmaram que o texto da Bíblia que temos em mãos, em relação ao Antigo Testamento, foi muito bem conservado durante os séculos, visto que é igual àquele usado no tempo de Jesus, visto que os textos do Mar Morto são do primeiro século depois de Cristo.

Naquele tempo não existia a Bíblia como temo hoje, um livro inteiro, um volume único. Os livros tinham vida própria e começavam a forma-se como unidade. Em Qumrãn, local aonde foram encontrados tais manuscritos, se usavam os livros bíblicos, e quem ali vivia – provavelmente os essênios – diante da eminente destruição da comunidade pelos Romanos, escondeu tudo em cavernas. O clima seco do deserto permitiu a sua conservação até quando foram descobertos. Hoje a maioria deles se encontra no Museu de Jerusalém e tudo está à disposição dos estudiosos. Não existem livros inteiros, exceto Isaías. A maioria dos textos são fragmentos, que os estudiosos conseguiram identificar. Alguns fragmentos contém poucas linhas e até mesmo, outros, poucas letras. Graças às técnicas científicas, os fragmentos podem ser identificados e ajudam a reconstruir um grande mosaico.

Depois do primeiro descobrimento, na década de 50 do século passado, muita gente foi atrás dos manuscritos naquela região e hoje em dia o governo de Israel põe muita energia na busca de outros indícios, especialmente de elementos que iluminem a história do povo judeu.

 

Achado na caverna do horror

O que os jornais anunciaram nesses últimos dias foi um achado na caverna dita “do horro”. É uma caverna bem conhecida pelo mundo da arqueologia. Tem esse nome porque já na década de 60 foram ali encontrados 40 esqueletos que provavelmente eram de judeus que resistiram ao assédio romano durante a revolta de Bar Kokhba, que ocorreu 100 anos depois da morte de Cristo. Essas pessoas, assediadas pelos soldados romanos, em uma gruta da qual não podiam sair e nem os soldados romanos entrar, teriam morrido de fome. Essa caverna fica na parede de um costão e o único modo de chegar até ela é descendo com cordas.

Revirando novamente o local, os arqueólogos israelenses encontraram fragmentos de um pergaminho escrito em grego, com passagens dos livros de Zacarias e Naum, especificamente Zacarias 8,16-17 e Naum 1,5-6. Não são textos inteiros, mas pequenos fragmentos identificados com essas passagens, como se pode ver na imagem aqui abaixo.


Além dessas passagens bíblicas, escritas há 2 mil anos atrás, foram encontrados outros vestígios arqueológicos. Foi encontrado uma cesta de cerca de 10 mil anos, flechas, uma múmia de uma criança, de 6 mil anos, e também moedas judaicas do tempo da revolta de Bar Kokhba.

Aquela zona desértica continua sendo intensamente vasculhada e agora com instrumentos modernos que não eram absolutamente imaginados há 70 anos, quando se descobriu Qumrãn. Além dos instrumentos, as equipes contam também com o dinheiro do governo e o trabalho pode ser com determinação e eficácia. Por isso, não se pode descartar futuras descobertas, que continuarão a confirmar a boa transmissão feita da Palavra de Deus, sem trazer revelações escandalosas.

Veja nesse link outras imagens das escavações.