A expressão "filho do homem" é muito conhecida na Bíblia. Em Ezequiel ela aparece mais de 90 vezes, sendo o apelativo com o qual Deus se dirige ao profeta. Em outras ocasiões (Salmo 8,5) significa simplesmente "pessoa", "ser humano".

O vocábulo ganha um significado especial, tornando-se um título, a partir de Daniel 7, texto chegado até nós em aramaico, na visão do Ancião e do Filho do Homem. Está escrito:

Eu continuava contemplando, nas minhas visões noturnas, quando notei, vindo sobre as nuvens do céu, um como Filho do Homem. Ele adiantou-se até ao Ancião e foi introduzido à sua presença. A ele foi outorgado o império, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é império eterno que jamais passará, e seu reino jamais será destruído.

É com um olhar nessa passagem que temos que ler o texto de Mateus 24,29-31:

«Logo depois da tribulação daqueles dias, o sol vai ficar escuro, a lua não brilhará mais, e as estrelas cairão do céu, e os poderes do espaço ficarão abalados. Então aparecerá o sinal do Filho do Homem no céu; todas as tribos da terra baterão no peito, e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e grande glória. Ele enviará seus anjos que tocarão bem alto a trombeta, e que reunirão os eleitos dele, desde os quatro cantos da terra, de um extremo do céu até o outro.»

Esse texto precisa ser acompanhado com quanto dito em Daniel 7,13:

Notei, vindo sobre as nuvens do céu, um como Filho do Homem. Ele adiantou-se até ao Ancião e foi introduzido à sua presença.

Os textos de Daniel fazem uma clara menção a um homem que é conduzido à presença do Ancião, que é Deus. Esse homem ganha autoridade, um reino eterno. Ele ultrapassa, portanto, a condição humana. Jesus, portanto, segundo Mateus, é esse homem, que é elevado à glória divina. Quando ele é elevado à glória divina, se manifesta como sinal. Sinal que Mateus anunciara alguns capítulos antes, em 19,28:

"Eu garanto a vocês: no mundo novo, quando o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, vocês, que me seguiram, também se sentarão em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel."

Esses textos são ditos de estilo apocalíptico. Apocalipse significa "revelação" e não pensemos que se trate de coisas "que metem medo". É simplesmente um modo de contar, de maneira simbólica, a realidade divina, as "coisas últimas", isto é, as coisas que acontecerão no final, onde "final" é entendido como "meta" e não como fim de tudo. A literatura apocalíptica é um estilo literário que, revelando quem é Deus, as realidades divinas, dá esperança para os destinatários.

O sinal do filho do homem é, portanto, para nós uma demonstração de esperança, de certeza que Deus está presente na história, como vencedor, que garante também a quem está com ele a vitória.