O capítulo 16 do Apocalipse (começando em 15,5) fala das 7 pragas das 7 taças. Sete anjos são encarregados por Deus de "derramar pela terra as sete taças do furor divino". A passagem que você menciona fala da ação do quarto anjo, que é assim narrada:

8 O quarto Anjo despejou sua taça no sol. E o sol recebeu permissão de queimar os homens com fogo. 9* E os homens ficaram tão abrasados com esse calor intenso, que começaram a blasfemar contra o nome do Deus que tem poder sobre essas pragas. Mas não se converteram para dar glória a Deus.

O outro texto que você menciona faz parte do contexto do sétimo selo (capítulo 8), que quando é aberto são dadas 7 trombetas aos 7 anjos que estão diante de Deus. Quando o sexto anjo tocou (Ap 9,13 - 11,13), uma voz lhe disse para libertar 4 anjos que "estavam prontos para a hora, o dia, o mês e o ano. Foram libertados para matar a terça parte dos homens" (9,15).

Vou logo dizendo que a hipótese que você formula na pergunta não está correta. São duas situações diferentes e não é uma boa ideia ligá-las.

É verdade que existem ligações entre os dois textos, principalmente a recordação das pragas do Egito, que o autor anuncia que cairão sobre a Babilônia, isto é, Roma. Os anjos encarregados delas saem da presença de Deus. Dentro de um quadro de manifestação da potência divina, eles cumprem a liturgia da justiça.

As páginas do Apocalipse são muito difíceis de serem interpretadas e dão asas a muita imaginação. Na verdade a sua mensagem não é espetacular como pode transparecer do texto. O livro, através de uma linguagem simbólica bem conhecida naquele período e totalmente estranha à nossa cultura, quer dar esperança ao povo perseguido, aos cristãos que não podiam professar livremente a própria fé em Jesus. Eram perseguidos pelo império romano e o autor os incita a continuar perseverantes, mostrando que toda o mal será derrotado, porque Deus tem um plano que é infalível e garantirá a vitória final.

O número sete, muito repetido no livro, sublinha a perfeição. A terça parte que permanece indica que na humanidade existe sempre um "resto", uma parcela fiel ao plano de Deus, com a qual Deus conta para estabelecer seu reino, a Nova Jerusalém. Quem não quer entrar nesse reino se exclui e termina por condenar-se, perecendo aos olhos de Deus.