Partimos do princípio segundo o qual se afirma, através das páginas da Bíblia, que o dízimo é uma maneira eficaz e visível de reconhecer nossa riqueza como dom de Deus, que nos é imprestado. Em várias respostas já sublinhamos essa ideia básica. Com Deus o pouco é muito, se partilhado. A caridade é um princípio cristão que não deve ficar só como palavra morta, mas deve se realizar através de nossos gestos.

Existem várias maneiras de fazer caridade. Uma delas pode ser naturalmente através das estruturas sociais das comunidades, que organizam a destribuição de recursos materiais para pessoas com necessidades. Outra mais direta é a nossa contribuição direta, através de esmolas ou doações. Eu acredito que tudo isso pode ser expressão do ensinamento do dízimo que se encontra na Bíblia, que tinha como principal objetivo nivelar as diferenças sociais que existiam, primeiro assistindo as classes sacerdotais, que, por causa de sua índole, não haviam recebido uma herança territorial, na distribuição da terra prometida, mas depois suportando as viúvas e os órfãos de Israel.

O dízimo, hoje em dia, em muitas comunidades, está intimamente ligado ao pagamento das despesas materiais da comunidade: água, luz, culto, sustentação dos líderes da comunidade, etc. Eu acredito que a doutrina inerente ao dízimo vai além dessa perspectiva. Alguém que participa de uma comunidade deve, por princípio, participar das despesas comuns, que ajudam a sustentá-la. Isso não tem nada a ver com o dízimo, mas com o bom senso. O dízimo é algo mais profundo e toca a questão da caridade.

 

Posso fazer caridade dando o dinheiro para a igreja?

Acho que essa é a questão fundamental que deve por quem tem intenção de ser fiel à teologia do dízimo. E a resposta pode ser dada somente através da prática transparente da gestão financeira de uma comunidade. Ou seja, veja se o dinheiro que a comunidade arrecada é usado ou não para ajudar aos pobres. Se sim, você dando a sua contribuição para a igreja pode estar fazendo caridade, caso contrário a sua intenção de fazer caridade pode ser frustrada pela prática errônea de quem administra esse dinheiro.

É muito importante que as comunidades aprendam a gestir de maneira transparente aquilo que se arrecada. Seria ideal que os tesoureiros fizessem um balanço das entradas e saídas, justificando todo o uso do dinheiro que a comunidade recebe. E que tal balanço fosse público.

 

Quanto tenho que dar?

Sei que muitos são fiscais em controlar quanto seria o dinheiro a ser dado como dízimo, prestando atenção no que seria os 10%. Não faça esse cálcolo! Tudo que é automático e formal não agrada a Deus. Dê com coração, sem se preocupar se se trata de 10% ou de uma parte pequena de sua economia. Pense na sua família, na lógica da vida hodierna e considere com sobriedade a quantia que pode ser usada como obra de caridade. De nada adianta fazer caridade para com os outros e prejudicar a si mesmo. O que Deus não quer é o apego que nos deixa cegos, que nos afasta do nosso próximo. Ele não quer a nossa desgraça, mas que fazendo o bem possamos nós também viver bem.

Concluindo essa resposta, acredito que se você der um pacote de arroz à uma família que passa necessidade, está colocando em prática, de maneira eficaz e agradável a Deus, a prática do dízimo.