Muitas vezes percebo situações em que são propostas frases bíblicas que resultam de difícil compreensão, pois ditas fora do próprio contexto. Se invés as lemos dentro do contexto, a relativa interpretação se torna muito mais fácil. Isso nos ensina uma máxima fundamental da leitura bíblica: não tome uma frase bíblica isoladamente, mas veja o contexto em que é dita e use esse contexto para interpretá-la. Se não existe essa preocupação, o resultado, a interpretação ficará negativamente comprometida.

É o que acontece com a frase que você põe na pergunta. Obviamente vc não tinha muito espaço para inserir todo o texto, mas é nosso dever aqui contextualizar essa passagem.

Mateus 10, 26-32

Essa perícope faz parte do "discurso apostólico" onde Jesus fala da missão dos seus discípulos. Em particular, nos versículos 26 a 32 Jesus adverte os seus seguidores sobre a perseguição que sofrerão. Os missionários, por causa de Cristo, serão perseguidos.

A revelação de Jesus não procura meter medo nos missionários, mas dar esperança. Diz, por exemplo que não é necessário se preocupar com o que dizer, pois tudo lhes será inspirado e "o Espírito do vosso Pai é que falará em vós".

A perseguição será uma realidade. E para fundamentar essa realidade Jesus diz qeu o discípulo não está acima do mestre - e aqui chegamos à sua frase -, isto é, se o mestre foi perseguido, imagina o que acontecerá com o discípulo. Usa ainda outra imagem:

Se chamaram Beelzebu ao chefe da casa, que não dirão de seus familiares!

É a mesma lógica da prase anterior. O chefe da casa, nessa imagem, é Jesus e seus familiares são os missionários, os discípulos. Os fariseus tinham acusado Jesus de ter agido em nome de Beelzebu (por exemplo, quando curou o endemoninhado nudo - veja Mateus 9,32-34 e também Mateus 12,22-28). Visto que os familiares sofrem normalmente o mesmo destino do "chefe da casa", provavelmente também acusarão os discípulos de agirem em nome de Beelzebu.

Em síntese, nesses versículos Jesus está admoestando os discípulos em vista dos eventuais perigos que terão durante a sua missão, anunciando a Boa Nova. Jesus constata os perigos e as calúnias que sofreu e prevê que os discípulos passarão por situações parecidas.