A expressão representa um dos grandes temas de estudo bíblico. Em aramaico se diz bar nasha�?? e em hebraico ben �??adam. O termo hebraico é usado, por exemplo, no Salmo 8,5 e naquele caso significa ser humano, homem. Também em Ezequiel é com esse apelativo que Deus interpela o profeta (aparece mais de 90 vezes). Em aramaico, como veremos, é usado em Daniel. A tradução grega do Antigo Testamento (a Setenta) traduziu essa expressão com huiòs tou anthròpou, termo que será usado no Novo Testamento, escrito em grego.

O vocábulo ganha um significado especial, tornando-se um título, a partir de Daniel 7, texto chegado até nós em aramaico, na visão do Ancião e do Filho do Homem. Está escrito: Eu continuava contemplando, nas minhas visões noturnas, quando notei, vindo sobre as nuvens do céu, um como Filho do Homem. Ele adiantou-se até ao Ancião e foi introduzido à sua presença. A ele foi outorgado o império, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é império eterno que jamais passará, e seu reino jamais será destruído (Daniel 7,13-14). Portanto, Daniel conta como um homem é conduzido à presença do Ancião, de Deus. Esse homem ganha autoridade, um reino eterno. Ele ultrapassa a condição humana.

A exegese deu algumas interpretações sobre o sentido dessa figura.
A primeira é que ela tem um sentido individual. Esta tese é sustentada pela literatura judaica (Henoc e IV Esdras), mas também pelo uso que Jesus faz do título, atribuindo-o a si mesmo.
Outra tese retém que o personagem misterioso encarna em si um sentido coletivo. Isso é dito em base ao próprio texto de Daniel, onde se identifica o filho do homem com os santos do Altíssimo, isto é, o povo judeu (veja Daniel 7,18.22).
A maioria dos exegetas diz que o significado do título engloba seja o sentido individual, seja o sentido coletivo. Ou seja, o Filho do Homem é o chefe do povo, mas é ao mesmo tempo o seu representante, aquele que serve como modelo para o povo dos santos.

No Novo Testamento é usado como um dos títulos que o próprio Jesus dá a si. O título aparece mais de 80 vezes nos evangelhos e também em Atos dos Apóstolos 7,56, em Hebreus 2,6 e em Apocalipse 1,13 e 14,14. Quando Jesus usa esse apelativo tem a intenção de sublinhar, graças ao uso que o Antigo Testamento faz da expressão, dois aspectos. Primeiro quer recordar a sua íntima ligação com o gênero humano, sendo ele mesmo ser humano. Em segundo lugar, recordando o texto de Daniel, chama a atenção para a sua funçao salvífica: Ele instaura um novo reino, que é eterno.