A sua é uma pergunta muito comum aqui no site e já dedicamos espaço tentando dar uma resposta. Todavia nunca é tempo perdido retomar o argumento, buscando a clareza de ideias.

Há vários tipos de bíblias, embora geralmente falamos em Bíblia Católica e Bíblia Protestante. Essa distinção nasceu na época do Concílio de Trento (1545-1563), quando os católicos e Luteram tomaram estradas diferentes. Lutero decidiu formar a sua Bíblia seguindo a tradição hebraica, que retem como livros inspirados, em relação ao Antigo Testamento, somente aquilo que foi escrito em grego. Os católicos, invés, defendem a inspiração também para 7 livros que, escritos em grego, estão presentes na própria bíblia. Esses livros são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1 e 2 Macabeus (além de partes de Ester e Daniel).

A questão é muito mais complexa do que simplesmente dizer que a Bíblia é composta de 66 livros e os católicos acrescentaram outros 7 ou que os protestantes tiraram 7 livros da bíblia. 

Até o período de Trento havia muita discussão sobre a inspiração de certos livros. E a disputa não se referia apenas a esses 7 livros do Antigo Testamento. Se discutia também sobre livros do Novo Testamento, como o Apocalipse, a carta de Tiago e outros. Mas em relação a estas obras houve consenso entre Lutero e o Concílio de Trento, mesmo se Lutero chama a Carta de Tiago de "carta de palha". Sobre o Apocalipse, Lutero também tinha grandes dúvidas, pois dizia que "não via como o Espírito Santo podia tê-lo inspirado".

Os 7 livros que estão presentes na Bíblia Católica não surgiram somente no século XVI, na época da Reforma. Já antes de Cristo, no Egito, nasceu a LXX, a Bíblia Hebraica traduzida para o Grego. Essa foi a Bíblia que os primeiros cristãos usaram, em grego. E  nela estavam presentes os 7 livros. Por outro lado, os judeus definiram a própria lista de livros inspirados por volta do ano 100 depois de Cristo. E quando fizeram isso, excluíram os 7 livros.

Hoje em dia há muita abertura da parte das igrejas protestantes clássicas em, ao menos, retomar a prática de Lutero, de inserir na própria versão da Bíblia, como apêndice, os 7 livros não considerados inspirados. Assim se fez, por exemplo, com a TEB, Tradução Ecumênica da Bíblia.