Para os cristãos, o valor teológico do Shabbat dos judeus, que continua sempre válido, passou para o domingo e ganhou um motivo a mais para ser celebrado: a comemoração da ressurreição de Cristo. O Sábado não foi abolido pelos cristãos, mas os seus valores continuam sendo celebrados no dia de domingo.

Há vários elementos a serem considerados, tanto do ponto de vista teológico quanto histórico.

  • Primeiro de tudo é importante lembrar que Jesus não é cristão, isto é, observava os costumes da religião judaica. Portanto, observava também o Sábado. Mas o fazia de maneira criativa, com liberdade, como ensinam os textos presentes nos evangelhos (veja aqui).
  • Jesus nunca pediu que fosse abolido o Sábado. No concílio de Elvira, no ano 300, foi proibido que os cristãos o observassem. Isso aconteceu provavelmente depois que se criou uma fratura muito grande entre as duas religiões, tendo o cristianismo perdido o conhecimento do verdadeiro sentido desse dia.
  • Outro elemento teológico importante é que o cristianismo nasceu do Mistério Pascal de Cristo, da sua morte e ressurreição. O dia da sua ressurreição, o primeiro da semana, é um sinal fundante para os Cristãos e por isso ele é sublinhado de maneira especial.
  • Do ponto de vista histórico, primeiro de tudo notamos que o conceito de dia de "férias", um dia da semana de repouso do comércio, da vida de trabalho, não é um conceito que sempre existiu. No império romano as pessoas não tinham um dia por semana de repouso. Os judeus o tinham, pois a sociedade era menos complexa e podiam se organizar de maneira adecuada para observar esse preceito.
  • Os primeiros cristãos, que eram ligados com o judaísmo - os apóstolos, por exemplo - observavam o Shabbat, pois eram judeus. Muitos outros cristãos, que viviam fora da Palestina, não podiam observar o dia de repouso semanal, não observavam o Sábado, mesmo por que muitos não eram judeus.
  • Já nos textos bíblicos, no contexto dos apóstolos que observavam o Sábado, nota-se a importância do domingo e como os cristãos se reuniam para celebrar a ressurreição de Cristo.
  • A relação co Concílio de Niceia (325) com o domingo não tem a ver com o Sábado. A discussão naquele Concílio sobre o domingo era ligada à questão da celebração da Páscoa. Foi lá que se decidiu celebrá-la, como ainda é hoje, no primeiro domingo depois da lua cheia do equinócio de primaveira no hemisfério norte (21 de março), isto é, na primeira domênica depois da lua cheia que aconteça depois de 21 de março.

A tradição secular da Igreja nos ensinou a celebrar o Dia do Senhor, o domingo, em memória da sua ressurreição e do seu dom eucarístico. Mas o conhecimento do sentido do Sábado não nos impede, ou melhor, nos convida a apreciar o seu valor.

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