O sagrado, em todas as culturas, suscita um respeito transcendente e faz com que a criatura mantenha uma distância do seu deus. Na tradição judaica também era assim. A sacralidade divina não pode ser alcançada com os olhos humanos; Moisés, na sarça ardente recebe uma ordem: "Não te aproximes daqui; tira as sandálias dos pés porque o lugar em que estás é uma terra santa"; os súditos de Davi que tocam na Arca da Aliança morrem, por causa da santidade do objeto. E assim por diante.

Esses fatos não necessariamente são literais, mas querem simplesmente demonstrar que Deus é inefável, transcendente, vai além da esfera humana, que não consegue atingi-lo.

Paulo, invés, diz que na Vida Eterna veremos a Deus assim como ele é, face a face (1Coríntios 13,12). O apóstolo dos gentios liga esse limite atual ao nosso conhecimento. De fato, não podemos ver a Deus por que não o conhecemos, mas na medida que aprendemos dele, o vemos de maneira clara.

Se não conseguimos vê-lo, sem sermos "feridos", é provável que somos limitados no seu conhecimento. E isso vale para o hoje e para o final dos tempos, que começa aqui e agora.

Os apóstolos puderam ver Jesus e não foram fulminados. E Jesus não estava "disfarçado" de homem. Era, ao mesmo tempo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus. A ideia do "disfarce" de Jesus é uma heresia que apareceu nos primeiros séculos da igreja e foi firmemente condenada pelos Padres da Igreja. E nem nós, cristãos que somos, podemos pensar que ele estava apensa se fingendo de homem.