Somos muito influenciados pelo antisemitismo e pensamos que os judeus não acolheram Jesus. Nos enganamos! De fato, todos os primeiros seguidores de Cristo foram judeus. Todos os apóstolos eram judeus e também a igreja primitiva; a primeira igreja que se formou era constituída por judeus. Foi Paulo que começou a levar a Boa Nova para o mundo fora do contexto de Israel. Mas mesmo assim ele se dirigia primeiro de tudo aos judeus que viviam foram de Israel, e, contemporaneamente, aos assim chamados "gentios", àqueles que não eram judeus.

É verdade que o judaísmo, como religião, continuou a sua estrada mesmo depois da vinda de Cristo e talvez, nós cristãos, teríamos querido que todos os judeus abraçassem Cristo e se reunissem sob a religião cristã. Isso não aconteceu, pois muitos não reconheceram Cristo como Messias.

Hoje em dia não são apenas os judeus que não reconhecem Cristo como Messias. Dizem que os cristãos no mundo somos cerca de 2 Bilhões (considerando todas as denominações cristãs), enquanto que a população do planeta supera os 7 bilhões. Portanto, nem 2 terços da humanidade aceita Cristo como Messias. Isso relativiza muito a escolha dos judeus e deveria nos ensinar a não continuar alimentando a pressão anti-semítica e culpando os judes de todo mal. Eles ao menos têm em comum conosco o Primeiro Testamento, a primeira parte da Bíblia, o Antigo Testamento.

Há muitas profecias que falam da rejeição do Messias. A mais emblemática é a do Servo Sofredor, de Isaías. Esse personagem, escolhido por Deus desde sempre como luz das nações para levar a salvação até os confins da terra, não terá muito sucesso, como se vê no terceito canto (Isaías 50,4 seguintes). Como disse Martin Buber, "o sucesso não é um dos nomes de Desu". Mas, ao mesmo tempo, ele tem um poder que vence na história, que garante a nossa salvação.