Nenhum pecado. Quanto antes Jesus voltar melhor será, pois se instaurará o Reino de Deus e se realizará a missão para a qual a humanidade está chamada. Mas vamos refletir melhor sobre a Vinda do Senhor.

 

A segunda vinda de Cristo

Na visão cristã, o tempo presente é o tempo da Igreja, do Reino de Cristo. O futuro será quando Cristo entregará o Reino ao Pai, como diz Paulo em 1Coríntios 15,24, derrotando a morte, "o último inimigo a ser destruído". O que acontecerá no futuro para nós cristãos, as realidades últimas, é chamado de Escatologia. Um dos elementos dessa disciplina é a segunda vinda de Cristo.

Paulo, escrevendo cerca de 20 anos depois da morte de Cristo, aos Tessalonicenses, fala da volta de Jesus, que normalmente chamamos de Parusia, que significa uma nova e definitiva presença de Cristo (veja 1Tessalonicentes 4,13-18). Ele descreve a vinda de Cristo com tons vivos e com imagens simbólicas, que transmitem uma mensagem simples e profunda: no final estaremos com o Senhor. Essa é a mensagem essencial: o nosso futuro é estar com o senhor. E, como cristãos, já estamos com o Senhor e o nosso futuro, a vida eterna, já começou.

Na segunda carta aos Tessalonicenses, Paulo fala de acontecimentos negativos, que antecedem os últimos tempos. Afirma que o cristão não se pode enganar, pensando que o Dia do Senhor seja eminente, como se fosse possível fazer um cálcolo cronológico:

Quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e à reunião com ele, rogomo-vos, irmãos, que não percais tão depressa a serenidade de espírito, e não vos perturbeis nem por palavra profética, nem por carta que se diga vir de nós, como se o Dia do Senhor já estivesse próximo. Não vos deixeis seduzir de modo algum por pessoa alguma (2Tessalonicenses 2,1-3).

Paulo então diz que antes da vinda do Senhor vai haver apostasia e vai se revelar o "homem ímpio, o filho da perdição, o adversário", a quem, em seguida, a tradição dará o nome de "anti-Cristo".

Essa segunda carta aos habitantes de Tessalônica tem uma intenção muito prática, que é fundamental para entender as palavras acima. Lemos em 4,10-12:

Quando estávamos entre vós, já vos demos esta regra: quem não quer trabalhar também não há de comer. Ora, ouvimos dizer que alguns dentre vós levam viada à toa, muito atarefados sem nada fazer. A estas pessoas ordenamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que trabalhem na tranquilidade, para ganhar o pão com o próprio esforço.

Em outras palavras, a espera pela Vinda de Jesus, a Parusia, não nos dispensa do trabalho nesse mundo, mas, ao contrário, cria responsabilidades diante do juízo divino sobre a nossa atuação nesse mundo, crescendo a nossa necessidade de trabalhar em e para esse mundo.

 

Como o cristão se deve comportar em relação à segunda vinda de Cristo, às coisas do fim do mundo?

Destacaria 3 atitudes:

  1. Jesus ressuscitou: o cristão precisa ter essa certeza. Cristo está com o Padre e está conosco também, para sempre. Podemos estar seguros, livres do medo. O cristão não precisa mais ter medo dos espíritos, dos demônios: Jesus vive, venceu a morte e todos esses poderes e isso deve condicionar o nosso viver em direção ao futuro da nossa existência.
  2. Cristo está comigo. Essa certeza também deve condicionar a nossa vida. Como consequência, o mundo futuro já começou. Por isso o mundo futuro não é escuridão, onde ninguém se orienta. Só sem Cristo o futuro é marcado pelo medo. O cristão vive guiado pela esperança que dá certeza e valor para enfrentar o futuro.
  3. O Juiz que vai voltar, que é juiz e salvador ao mesmo tempo, deixou a nós a tarefa de viver aqui e agora segundo o seu modo de viver, entragando os seus talentos. Por isso temos responsabilidade em relação ao mundo, aos nossos irmãos em Cristo. Ao mesmo tempo, podemos contar com sua misericórdia. O bem e o mal não são iguais. Temos que trabalhar para que este mundo se abra a Cristo, se prepare ao julgamento final, sabendo que o juiz é bom.

 

Maranà, thà!

Paulo, no final da segunda carta escrita aos habitantes de Corinto (2Coríntios 16,22), põe na boca daqueles cristãos uma oração dos primeiros cristãos da Palestina: Maranà, thà! Literalmente significa "Senhor nosso, vem!". O apocalipse também termina com essa aclamação (Apocalipse 22,20).

A pergunta que você faz está muito ligada a esta oração. Poderíamos nos perguntar: podemos nós também rezar assim, pedindo a volta de Cristo?

Penso que para todos nós é pouco provável, de coração, pedir a Deus que pereça esse mundo, para que comece a Nova Jerusalém, para que venha o juízo final e o juiz, Cristo. Todavia isso não significa que não podemos dizer "vem, Senhor Jesus!" Não queremos que aconteça o fim do mundo. Mas penso que todos queremos que termine o mundo injusto; queremos que o mundo se transforme, que seja inaugurada a civilização do amor, caracterizada pela justiça e a paz, sem violência, sem fome. Todos queremos isso. E como pode acontecer sem a presença de Cristo. Sem Ele, nunca existirá um mundo justo e renovado.

Por isso, digamos com Paulo: Maranà, thá! Vem, Senhor Jesus!