Essa resposta é sobretudo uma reflexão pessoal, que não tem nenhuma pretenção de ser arrogante e nem exaustiva.

O fanatismo se caracteriza pelo fato de concentrar todas as energias em uma única realidade, de maneira cega, ignorando os outros, seja as suas ideias que as situações que vivem. Portanto existe fanatismo quando coloco aquilo que penso como realidade suprema, minimizando tudo o que está em volta de mim, julgando todo o resto como sem importância.

Aplicando isso à vida religiosa, significa julgar a própria prática de fé como a única possível, excluindo à priori todo e qualquer diálogo com quem não está na mesma estrada. O diálogo existe exclusivamente como tentativa de trazer o outro para a minha estrada. Isso leva a um extremo egoísmo, embora camuflado de vontade de fazer o bem aos outros. Ficamos cegos e pensamos que quem não está conosco está perdido. Até mesmo Deus perde, em certo sentido, a sua importância: vale aquilo que eu penso que seja justo, aquilo que o pastor disse ou aquilo que julgo querer dizer a Bíblia.

Em relação à Bíblia, um fanático a lê com olhar unilateral, muitas vezes de modo literral, sem olhar o percurso que a interpretação bíblica fez e, principalmente, sem a busca de conhecimento e estudos que faz emcom que o foco seja a Bíblia e não as nossas ideias. O fundamentalista explora a Bíblia buscando frases feitas, extraindo do seu contexto, usando-as para fundamentar as próprias ideias e justificar as próprias escolhas.

Um religiso sério deve ser, claramente, convinto da própria religião, seguindo o Deus em que acredita. Ao mesmo tempo precisa ter abertura, aceitar a diferença, o diálogo. Também o religioso sério expõe as próprias ideias sobre Deus, sobre a teologia, lê a Bíblia e a condivide com o ambiente em que vive. Todavia é capaz também de escutar alguém que não crê, estabelecer um verdadeiro diálogo, sem pensar que o outro será salvo só se vier na própria igreja.

Concluindo, um religioso verdadeiro não é nunca um "simples religioso". Toda pessao religiosa deve ter sempre, dentro de si, uma convicção fanática, seguir com afinco aquilo que acredita. A diferença está na abertura em relação aos outros, que deriva da própria ideia que se tem da fé e do Deus em que se acredita: se julgo o outro como alguém que está errado e eu estou certo, não é um bom sinal!