A Igreja de Tiatira é uma das 7 mencionadas no livro do Apocalipse, nos capítulos 2 e 3. A passagem que fala de Tiatira se encontra em Apocalipse 2,18-29:

E ao anjo da igreja de Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem seus olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes ao latão reluzente:
Eu conheço as tuas obras, e o teu amor, e o teu serviço, e a tua fé, e a tua paciência, e que as tuas últimas obras são mais do que as primeiras.
Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria.
E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu.
Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem das suas obras.
E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda os rins e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras.
Mas eu vos digo a vós, e aos restantes que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e não conheceram, como dizem, as profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei.
Mas o que tendes, retende-o até que eu venha.
E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações,
E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai.
E dar-lhe-ei a estrela da manhã.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

O juízo que Cristo faz sobre a comunidade  (versículos 19 a 23) sublinha o progresso nas virtudes, mas revela um problema de heresia interna. Essa heresia é protagonizada por Jezabel. Os biblistas pensam que não se trate de uma pessoa histórica, pertencente a esta comunidade, mas uma figura simbólica, que evoca a rainha Jezabel do Antigo Testamento, de origem Fenícia, que no tempo do profeta Elias promoveu o culto ao deus pagão Baal, combatendo o profeta de Yahweh, Elias (1Reis 16). Nesse sentido o seu nome teria sido usado pelo autor do Apocalipse como símbolo de alguém que promove a idolatria, que, como naquele período do Antigo Testamento, na comunidade de Tiatira significava o sincretismo religioso. Os cristãos, naquela região, viviam em meio dos pagãos e alguns tinham mentalidade sincretista e pensavam assim viver profeticamente a mensagem cristã. Todavia, a carta adverte que essa atitude de sincretismo, de integração da mensagem cristã com o paganismo, podia comprometer a fidelidade da igreja e, na verdade, provinha do demônio. E por isso exorta (versículos 24 e 25) àqueles que ainda não se contaminaram com a idolatria a perceverar firmes no comportamento exemplar.

As cartas às igrejas

Primeiro de tudo é muito importante frizar que João, com o número 7, não quer escrever apenas a essas igrejas, mas, como é típico do simbolismo do número 7, fala a todas as igrejas, tomando como elementos situações concretas de igrejas particulares.

As cartas às igrejas do Apocalipse seguem um esquema idêntico:

1. ordem de escrever ao anjo da comunidade
2. auto apresentação de Cristo
3. avaliação da comunidade feita por Cristo, que começa sempre com o verbo "conheço"
4. exortação particular, correspondente ao estado de cada comunidade
5. exortação geral à escuta
6. promessa feita a quem vencerá