O primeiro ponto que tem que ser analisado, é entender que estes preceitos legais foram criados como norteadores de conduta de um povo visando criticar outra sociedade que já existia, uma vez que tem cunho social.

 

O Povo Hebreu no Pentateuco mostra o seu desvinculamento perante as outras civilizações, destarte, suas colocações possuem carga negativa quando do uso do “não” e positiva, quando orientam as práticas corretas dentro deste viés.

 

O seu maior antagonismo era com os Cananeus e suas práticas pagãs como: a adoração de animais como a serpente, as festas de prostituição divinas, o assassinato de crianças em oferendas a seus deuses.

Devemos ter em mente que um mandamento, para ser divino, deverá atender as pelo menos três requisitos básicos, quais sejam:

  1. Atemporal; que pode ser aplicado em todos os tempos visto ser imutável;
  2. Universal; aplicação indistinta a todos os povos;
  3. Imparcial; atingir a todos da mesma maneira.

 

Assim, uma determinada lei que possa ir contra qualquer um desses requisitos, não será nunca uma lei proveniente de Deus, mas apenas leis feitas pelas “mãos” dos homens. É um bojo de leis concêntricas que têm seu ponto nelvrágico na proteção a vida, uma vez que esta estava banalizada dentro das culturas em torno do povo hebreu.

 

1º - Amar a Deus sobre todas as coisas.- 10º - Não desejar a mulher do próximo nem cobiçar nenhum de seus bens.

Ligação entre o Poder Religioso e o Poder Econômico. Crítica aquelas que queriam ser Deuses, ou agir em nome destes, pois assumem uma posição de comando tornando-se autoridade suprema e passam a cobiçar. A questão da mulher é importante dentro do contexto da possibilidade de herança.

 

2º - Não fazer imagens para adoração. - 8º – Não furtar.

Percebe-se uma tentativa de afastamento das práticas dos outros povos e é neste caminho que deveria ser analisado. Se Deus proibisse de fato as imagens porque ele em 1 - Êxodo 25, 18-19 dirá: “Farás dois querubins de ouro polido, nas duas extremidades do propiciatório; um de um lado e outro do outro lado, de modo que os querubins estejam nos dois extremos do propiciatório”.  A questão de se apropriar indevidamente do que não nos pertence faz parte do respeito que devemos ter para com nosso próximo. Por outro lado, isso sanciona o direito que cada um tem de possuir alguma coisa, desde que a obtenha por vias legais e éticas.

 

3º – Não tomar seu santo nome em vão.

Embora devemos ter todo o respeito ao nome de Deus, ficamos a pensar se realmente isso poderia ser uma ordem divina ou se seria fruto do pensamento cultural da época. Se Deus diz que seu nome é Javé, e que seria assim que deveríamos chamá-Lo, por que motivo nós não o chamamos pelo seu nome? Ou as determinações divinas fora dos Dez Mandamentos não devem ser cumpridas? Isso mostra as várias tradições que escreveram a Bíblia no geral, pois de outra maneira poderia parecer um caldeirão de contra-sensos.

 

4º – Guardar o dia de sábado

A questão do trabalho deve ser entendida dentro de uma visão que não aceita a exploração do trabalhador além do fato de que para o homem além da necessidade física, podemos também perceber outra de natureza religiosa, ou seja, a importância de se reservar um dia para que as pessoas pudessem se dedicar às suas atividades religiosas. Isto quer dizer que na época do oitavo século o preceito do sábado não era obedecido.

 

5º – Honrar pai e mãe.

É o sinal claro de que as relações familiares dentro dos clãs haviam sido desfeitas.

 

6º – Não matar.

Isso implica dizer que as outras sociedades possuíam projetos de morte e é contra isso que este mandamento vai direto tentar coibir.

 

7º – Não adulterarás.

Esse Mandamento, algumas vezes, o encontramo-lo da seguinte forma: “Não pecar contra a castidade”. Ora, castidade não tem o mesmo significado que adultério. Sendo a castidade definida como abstinência total dos prazeres sexuais. E pergunto se as pessoas casadas estariam infringindo tal lei? Ou não seria uma lei para, de certa forma, justificar o celibato?

O significado de adulterar: 1. Falsificar, contrafazer: 2. Corromper, viciar, deturpar, deformar. 3. Mudar, alterar, modificar, podendo ainda corresponder a cometer adultério, ou seja, infidelidade conjugal.

 

9º – Não levantar falso testemunho.

Fundado principalmente numa questão de justiça, é inegável que se trata de um preceito natural, portanto, divino.