Todos nós somos um pouco curiosos em relação ao “Muro das Lamentações”, certamente por que é o último elemento tangível daquele que era o Templo de Jerusalém. É um lugar de culto para os judeus, mas não chega ao ponto de ser “adorado”. Os cristãos normalmente apenas visitam esse local, mas não o veem como um local de culto. É, sem dúvida, um enorme sinal não só arqueológico, mas também teológico da presença de Deus na vida da humanidade, através do povo que escolheu como “seu”. Nesse sentido esse local deveria ser significativo também para nós cristãos. Mas repito, os judeus não adoram essas pedras. Simplesmente veem ali um local privilegiado para fazer memória da presença de Deus no meio da humanidade, evocando a história do Templo.

O Templo ao qual esse muro estaria ligado não é propriamente o Templo de Herodes; é dito o Segundo Templo, tendo sido construído a partir do retorno do povo do Exílio na Babilônia. Recordando, o primeiro fora construído por Salomão. Em relação ao segundo Templo, ele foi restruturado por Herodes, que com isso tentava conquistar a simpatia do povo que governava, em nome dos Romanos. Herodes mesmo era um judeu, embora não de descendência, porque idumeu. Mesmo com obras faraônicas como essa, ele nunca conquistou a simpatia de todo o povo, tendo sido sempre julgado como um governante sanguinário.

É importante sublinhar que o termo “Muro das Lamentações” é uma expressão infeliz, provavelmente cunhada por cristãos um pouco avessos às práticas da religião judaica. Os judeus chamam esse local simplesmente “Muro Ocidental” (hakotel hamaaravi). O termo “lamentações” pode ter nascido do fato que se lamenta a perda da “casa do Senhor” ou, quem sabe, tem a ver com o gesto típico dos judeus enquanto rezam, de balançar o corpo, dando a impressão de um lamento.

Por respeito aos nossos “irmãos mais velhos”, seria conveniente nos acostumar a chamar esse local de “Muro Ocidental”.