“Homem do pecado” é uma expressão que aparece na Segunda Epístola aos Tessalonicenses, em 2,3:

Antes daquele dia virá a apostasia e, então, será revelado o homem do pecado, o filho da perdição, o adversário.

É uma expressão que aparece apenas nessa passagem. Para entender bem essa frase, precisamos analisa-la de maneira mais profunda.

O texto grego não é bem definido, pois existem diferenças entre os manuscritos. A clássica versão do texto tomada pelos tradutores, em grego, traz ho anthropos tes anomias, que literalmente se traduz com “o homem sem lei”. As nossas versões têm diferentes traduções: “homem ímpio” (Bíblia de Jerusalém e Edição Pastoral), homem da iniquidade (Nova Almeida Atualizada), o Perverso.

 

A Vinda do Senhor e o inimigo

Esse tema é o pano de fundo das palavras de Paulo. É também um tema que interessa a tantos cristãos hoje, pois traz consigo muito mistério e nós não conseguimos conviver com o Mistério, pois queremos tudo muito bem explicado. Ao invés, o mistério se revela, é verdade, mas nunca completamente.

A vinda de Cristo no final dos tempos é um tema da nossa fé. Mas fim não é o fim do mundo. É a meta que devemos alcançar.

Paulo havia falado na primeira carta que escreveu à comunidade dos tessalonicenses sobre a Vinda do Senhor, a partir de 4,13. É naquele texto que ele diz que o “Dia do Senhor virá como ladrão noturno”. Esse ensinamento convida à atenção contínua. O “Dia do Senhor”, sublinha Paulo em 2Tessalonicenses 2, não é iminente e será precedida por sinais reconhecíveis. Mas o perigo de engano é bem lembrado pela literatura apocalíptica. Para nós basta ficar claro que primeiro conviveremos com esse personagem que você nota muito bem: o “homem do pecado”.

Esse personagem causa a apostasia. Ele tem três nomes (Homem do pecado, filho da perdição, o adversário). Como diz 2Tessalonicenses 2,4, ele “se levanta contra tudo que se chama Deus, ou recebe culto, chegando a sentar-se pessoalmente no templo de Deus, e querendo passar por Deus”.

Esse personagem é o ímpio por antonomásia. A sua descrição toma elementos de Daniel 11,36, um texto que faz menção ao rei Antíoco Epífanes, um grande inimigo dos judeus, que profanou o templo na época dos Macabeus. Na tradição cristã, esse grande inimigo de Deus recebe o nome de anticristo (veja 1João 2,18; 4,3; 2João 7). Ele se apresenta como um ser, que se manifesta no final dos tempos e é instrumento de Satanás, que age desde já, no “mistério” (veja 2Tessalonicenses 2,7).

O que é mais importante de tudo é a certeza de que Deus vai suprimir esse inimigo, através da manifestação da sua Vinda; será destruído com o sopro da boca de Deus (2Tessalonicenses 2,8).