João Calvino (Jehan Cauvin) foi um teólogo francês (morreu na Suíça em 1564). Ele e Lutero são os máximos espoentes da Reforma religiosa promovida na Europa no século XVI, do qual nasceu o Protestantismo. O movimento criado por Calvino é dito "calvinismo" e se distingue do luteranismo, embora, muitas vezes, tudo se resume no Protestantismo.

 

A Igreja de Calvino

Ele explica sua ideia de Igreja no livro  Ordonnances ecclesiastiques, onde sugere uma realidade composta por 4 ministérios: pastores, doutores, anciãos e diáconos. Essas 4 categorias correspondiam aos 4 âmbitos da vida eclesial: predicação, ensino, disciplina e assistência. Ele pensou essa ordem sem uma gerarquia, onde nenhum dependia da autoridade do outro, sendo dado a cada um um papel determinado na igreja e na sociedade.

Esse estilo de igreja se torna, a partir de 1536, em Genebra, um regime teocrático, que governa a cidade, ajudado por um órgão chamado “Consistório”, formado por pastores e 12 anciãos eleitos pelo povo. O governo da cidade se dá por meio de uma série de decretos que previam duras penas para desvios doutrinais e outros comportamentos, como a dança, as loterias, o uso de bebidas alcoólicas.

O Consistório se torna um tipo de corte suprema que julga até mesmo a vida privada dos cidadãos.

Hoje não existe esse tipo de situação implementado em nenhum lugar, como administração pública. Além disso, é preciso ter presente que o Calvinismo está intimamente ligado à Reforma em geral. Ele, poderíamos dizer, foi um seguidor de Lutero. Mas, tendo vivido principalmente na Suíça, seguiu mais a corrente de Ulrico Zuínglio e a sua igreja tomou um rumo diferente das igrejas luteranas. Nesse sentido, o “Calvinismo” reúne as igrejas da Reforma que não são aquelas luteranas e vão além das próprias ideias de Calvino.

Algumas igrejas ditas calvinistas são:

  • Igreja Reformada Suíça - religião oficial da maioria dos cantões da Suíça

  • Igreja Protestante Evangélica Holandesa - recentemente unificada, não é mais a religião oficial dos Países Baixos 
  • 
 Igreja Reformada Francesa - a igreja dos Huguenotes 

  • Igreja Congregacional - concentrada na Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, hoje parte da Igreja Unida de Cristo
  • Igreja Reformada Hungara

  • Igreja da Escócia

  • Igreja Presbiteriana do Brasil

  • Igreja Presbiteriana Independente do Brasil

  • União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil

  • Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil

  • Igreja Evangélica Cristo Vive
  • Algumas igrejas batistas

 

A Bíblia

Um dos elementos característicos da Reforma foi o fato de colocar a Bíblia no centro da vida dos cristãos. Para isso, Lutero sublinhou a necessidade de tirar da jerarquia católica a autonomia da interpretação das Escrituras; todos podiam interpretar a Palavra de Deus. Uma consequência imediata foi a tradução da Bíblia nas línguas correntes, começando pelo alemão.

Calvino, sendo alguém que seguiu a Reforma, pode ser colocado dentro dessa perspectiva, embora não tenha tido de sublinhar esses aspectos, pois eram já inerentes ao movimento reformista.

Elementos mais marcados de Calvino são sua interpretação da Bíblia, muito criticado também em ambiente protestante. Lutero colocou como fundamento da vida cristã a justificação, baseando-se na Carta de Paulo aos Romanos, e a distância da interpretação eclesiástica da Bíblia, para a qual ressaltou o princípio da “sola scriptura”, isto é, basta o texto bíblico. Calvino sublinhou muito mais o elemento questionável da dupla predestinação: a humanidade, por causa do pecado, é danada, mas um juízo divino separou alguns para a salvação eterna, enquanto que os demais são destinados ao inferno. Esse princípio condiciona toda a interpretação bíblica. A bíblia prega a universalidade da redenção operada por Cristo e mostra que Deus busca a salvação de todos.