O livre arbítrio é dom dado por Deus ao ser humano ("Deus [...] deixou o homem entregue à sua própria decisão" - Siracide 15,14). Deus indica a estrada e cada um escolhe se seguir ou não. Esse é o fundamento ontológico que regula a vida cristã. E livre arbítrio, de maneira simplificada, pode ser entendido como liberdade. A sua questão, todavia, nos convida a responder com outra pergunta: liberdade significa fazer o que se quer?

Eu imagino que a sua pergunta nasça de situações vitais, muito concretas, relacionadas com o dia a dia. Por exemplo: posso tomar um copo de cerveja? Um cristão pode ter relações antes do casamento? Posso pular carnaval? Deduzo que você se depara com situações corriqueiras e tende a aplicar um certo comportamento e gostaria de saber se pode decidir cada vez, em base à sua escolha, ou se existe um "manual" que diz "isso se pode fazer, isso não...".

Se essas minhas suposições são fundadas, lhe digo que um manual não existe, mas, ao mesmo tempo, você tem que seguir certas regras de comportamento.

Com certeza você já amou ou ama alguém. Diante de uma experiência de amor, você se sente livre? Ou se sente obrigado? Se com a pessoa amada não há liberdade, é provável que não seja verdadeiro amor. Todavia, mesmo sendo livre, você tem certos compromissos, precisa se comportar de certa maneira. Por exemplo, uma coisa banal: não pode namorar com uma outra mulher.

É mais ou menos isso que acontece com a vida do cristão. Você é livre e faz o que quer, mas se comporta sempre como cristão, seguindo os ensinamentos de Cristo. Não pode se dizer cristão e sair matando os outros. Não pode se definir cristão e oprimir o próximo. Ame e faça o que quiser (Santo Agostinho). Parafraseando, diríamos: seja cristão e faça o que quiser.

Faça existir a liberdade ao lado da responsabilidade.

Veja, no Catecismo da Igreja Católica, a sessão dedicata à liberdade do pessoa, a partir do número 1730.