A salvação é um dom de Deus para a humanidade. Um dom não é uma obrigação, mas um presente, dado na gratuidade. Ele, através de uma ação sobrenatural, transformou o homem injusto em justo, por meio do seu filho Jesus Cristo (veja Romanos 1,3; Filipenses 3; Gálatas 5). 

Contudo, apesar desse dado objetivo da graça divina presente em nós, a justificação do ser humano, através da morte de Jesus na cruz, não exclui que exista nas pessoas a possibilidade de ir contra a vontade de Deus. Existe um contexto onde se desenvolvem todas as ‘energias’ divinas transmitidas ao ser humano graças à justificação. Esse contexto é a nossa vida, na qual podemos dar ampla vasão da justificação, da nossa afiliação divina ou nos afastar da vontade de Deus. Nesse sentido, sem obras, a nossa fé é vã (Tiago 2,14-26), afastamo-nos da salvação. Portanto o cristão se salva conduzindo uma vida exemplar, seguindo os princípios evangélicos.

Esse tema, na teologia, é conhecido como "Justificação". Normalmente há duas correntes: os protestantes sublinham a graça divina como elemento essencial da salvação e os católicos a ação humana que conduz à salvação. Como sempre, virtus in medio: seja a graça divina que a ação humana conduz o ser humano à salvação.

Como já fiz outra vez, aconselho vivamente que seja lida a Declaração Conjunta sobre a doutrina da justificação feita pela Comissão Mista católica romana/evangélica luterana internacional, em 31 de outubro de 1999.