A origem do Natal é o nascimento do menino Jesus, contado nos Evangelhos, que se deu em Belém da Judeia. É a maneira como os cristãos, desde dois mil anos, recordam o evento da encarnação de Deus, que se tornou um de nós. Portanto, em si, é um evento que coloca as raízes na narração bíblica e se estrutura a partir da fé dos cristãos.

Não podemos pensar que na Bíblia esteje escrito "no dia 25 de dezembro seja celebrado o natal". Isso não existe na Bíblia. A festa é uma elaboração teológica que toma emprestado elementos da tradição humana, da vida vivida principalmente no hemisfério norte, como é a festa do sol, que começa a crescer, a impor-se sobre as trevas, exatamente no período de Natal, quando os dias naquele hemisfério se tornam maiores.

Em muitos existe a ideia de transformar a Bíblia em um simples manual de ética mundana. Ela é muito mais do que isso. É o livro da vida de uma comunidade de fé, a partir do qual outras comunicades construem sua própria história de fé, de maneira viva e renovadora, com a força do Espírito. A Bíblia não nos faz escravos, mas nos doa a liberdade. Essa liberdade, obviamente não deve ser entendida simplesmente como arbítrio, mas também como uma vida responsável, que acolhe a vontade de Deus.

Faço essa reflexão para mostrar que a Bíblia não deve ser para nós um recinto fechado: o que está escrito nela faço, o que lá não encontro é contrário a Deus. A vida de fé é uma realidade dinâmica, que apoia os seus fundamentos na Palavra, é verdade, mas que cria em continuação coisas novas, pois, afinal de contas, o Espírito Santo não se aposentou, mas continua sua ação criadora.