Deixando de lado o evento em si, do terremoto no Brasil, que não conheço, podemos fazer uma reflexão a partir da sua questão. Proponho pensarmos sobre o pecado ("errado"). Essa reflexão parte do texto de João 9, o sinal do cego de nascença:

Ao passar, ele viu um homem, cego de nascença. Seus discípulos lhe perguntaram: 'Rabi, quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?' Jesus respondeu: 'Nem ele nem seus pais pecaram, mas é para que nele sejam manifestadas as obras de Deus'.

Como os discípulos com Jesus, você também pergunta sobre a responsabilidade de uma situação errada, que não é bonita: você fala de terremoto e os discípulos do cego de nascença. A ideia que os discípulos tinham, que era comum então - e também, muitas vezes, hoje - era que uma pessoa que tem uma desgraça traz consigo as consequências de um pecado. Jesus, invés, supera essa visão, embora sublinhe que o pecado exista. Mas o pecado não é o da pessoa fisicamente cega, porém sim dos fariseus, cegos espiritualmente. De fato, João, no centro do capítulo coloca essa frase, dirigida pelos fariseus ao cego curado por Jesus:

Tu nasceste todo em pecados e nos ensinas?

Os fariseus pensam que a desgraça vem do pecado: ele é cego porque nasceu no pecado, enquanto eles, sábios, estão longe do mal. Jesus, por isso lhes dá uma lição: é o pecado de vocês a verdadeira cegueira e é o pecado de vocês que fica:

"Se fôsseis cegos (fisicamente cegos), não teríeis pecado: mas dizeis: 'nós vemos!' Vosso pecado permanece."

O terremoto não é causado pelo pecado. Não existe um Deus que se vinga, que castiga o ser humano. É um fato natural, consequência física da vida da terra. O pecado pode aparecer nas ações que se seguem ao terremoto, na falta de solidariedade, na falta de fé que não permite ver com clareza os fatos da vida.