Olá Bruno Ramon Da Silva de Belo Horizonte - NG!

Li a pergunta que enviastes para o portal, e encontrei algumas dificuldades em responder, afinal, falta algumas indicações. Poderia entender melhor a pergunta se indicasse a citação Bíblica. Teríamos o texto bíblico e também o contexto para ajudar.

Mas para que tenhas algumas informações, pesquisei sobre os rachadores de lenha também chamados de Netinim. Lembrando que na época bíblica existiam muito mais arvores nos arredores de Jerusalém comparando com a situação desértica de hoje. A lenha tinha larga utilização no Templo para os sacrifícios, e nas casas para o cozimento dos alimentos e para o aquecimento no inverno.

A origem do nome e do povo Netinim

A origem literária do nome Netinim vem do hebraico e grego e literalmente tem o significado de “doados” ou “aquele que serve”.

A Bíblia hebraica traz o nome “Netinim”, a Bíblia de Jerusalém já traduz como “doados” e a Almeida traduz como “os servidores do Templo”. Nos escritos Bíblicos, das três Bíblias não podemos dizer que existem erros de tradução, mas sim os tradutores facilitaram o texto traduzindo “os Netinim” da bíblia hebraica original, para “doados” na Bíblia de Jerusalém e “servidores do templo”, na Bíblia da tradução Almeida. Para uma compreensão que se aproxima da origem deste povo o melhor seria seguir a Bíblia hebraica.

Os Netinim eram descendentes de prisioneiros de guerra ou de escravos pagãos (ver Ez 44,7-9) exercendo no santuário do templo funções inferiores e eram serviçais dos sacerdotes e levitas (ver Esd 8,10)

O livro de Josué se refere a um grupo de pessoas (todo o capitulo nove) que receberam uma punição: os Gabaonitas condenados a serem “rachadores de lenha e carregadores de água” serviço da Comunidade e do altar de Iahweh. O texto assim diz:

“Naquele dia Josué os colocou rachadores de lenha e carregadores de água para o serviço da Comunidade e do altar de Iahweh, até o dia de hoje, no lugar que ele escolhesse” (Js 9,27).

Acreditava-se que o grupo de pessoas a serviam no templo em serviços braçais eram descendentes dos Gabaonitas e não agradou o profeta Ezequiel que passou a denunciar o fato de pagãos estarem no santuário de Deus (Ez 44,7). Esta denúncia do profeta Ezequiel refere-se aos Netinim? Eles eram incircuncisos, continuavam “as escondidas” adorando seus antigos deuses.

Mais adiante nos livros de Esdras, Neemias e Crônicas estes de servos do templo os Netinim passaram a ganham destaque e Esdras em seu livro já os considera. Vejamos a hierarquia dos servidores do santuário:

1. Sacerdotes. (v. 36).

2. Levitas. (v. 40).

3. Cantores. (v. 41).

4. Netinim. (v. 43).

Quanto ao número deles vamos encontrar em Esdras 2,58 e 8,20, o total de 392 em meio ao primeiro exílio que voltaram para Jerusalém e 220 entre os que voltaram oitenta anos depois. Os 392 vieram com Zorobabel, em 538 a.C.

Aonde viviam os Netinim em Jerusalém:

Os Netinim estavam bem estabelecidos, cumpridores de seus deveres e ao que tudo indica, estavam levando uma boa vida, digna e estável. Vejamos:

“Os Netinim habitavam no Ofel, (uma das colinas que circundam Jerusalém diante do túnel de Ezequias que conduz as águas da fonte até a piscina de Siloé) de fronte da porta das águas, para o oriente, e até à torre alta.” (Ne 3,26),

No versículo 31 do mesmo capítulo encontramos uma referência bem significativa à “casa dos Netinim”, na Bíblia de Jerusalém como “casa dos doados”.

Se os deveres dos Netinim eram os mesmos dos Gabaonitas, que rachavam lenha e carregavam água, entende-se porque ficaram ao mesmo tempo perto do templo e “defronte da porta das águas”.

De acordo com Esdras alguns Netinim moravam em outras cidades junto com os servos dos sacerdotes e levitas. Também ai encontramos os cantores e os porteiros. Estes lugares e cidades pertenciam aos ministros do santuário. Lembramos que muitos profetas denunciavam esta situação em que os sacerdotes e levitas tornavam-se fazendeiros.

Com o passar dos anos, os Netinim foram assumindo trabalhos ministeriais, e passaram a ser com os outros que trabalhavam no santuário de Deus. Possuíam privilégios e respeito dos outros, encontramos estas referências nos escritos rabínicos.