A ideia comum nas confissões cristãs é que através do Batismo nos tornamos membros de Cristo e somos incorporados na Igreja. Na comunidade primitiva, os apóstolos ofereciam o batismo a quem quer que acredite em Jesus, aparecendo sempre ligado à fé: 

«Acredita no Senhor Jesus e serás salvo juntamente com a tua família», declara São Paulo ao seu carcereiro em Filipos. E a narrativa continua: «o carcereiro [...] logo recebeu o Baptismo, juntamente com todos os seus» (Act 16, 31-33).

Um dos aspectos determinantes do batismo é a afiliação a Deus: através dele nos tornamos membros do corpo de Cristo. Paulo diz que, "desde então (...), somos nós membros uns dos outros" (Efésios 4,25). Da fonte batismal nasce o único povo de Deus: "fomos batizados num só Espírito, para formarmos um só corpo" (1Coríntios 12,13).

Hoje vejo uma tendência a sublinhar a fé do batizado. Coisa muito positiva e acertada. Esse é o princípio que nos leva à pia batismal. Mas há pouca reflexão sobre a consequência desse momento. Não podemos ser batizados e continuar isolados. A fé que nos leva ao batismo pede que vivamos em comunidade, como irmãos, membros do Corpo de Cristo. 


Ser batizado e não pertencer a uma igreja é como querer pertencer a uma família e nunca desejar ver os parentes. Não há sentido.

 

Não me sinto confortável... tradições humanas

A influência do protestantismo faz com que vejamos nas tradições um grande problema. Outras igrejas, invés, vêem na tradição um fundamento da própria vida cristã. A minha fé e vida cristã abraça a segunda opção. Acredito que a tradição nos ensina e nos faz crescer na caminhada ao encontro de Deus. A revelação divina é intermediada pela história, se dá nela. A Bíblia também foi escrita por mãos humanas, é fruto de uma tradição, embora inspirada pelo Espírito Santo. Não podemos prescindir da história, das reflexões teológicas das pessoas que nos prescederam no percurso da história do cristianismo. A nossa fé deve se apoiar em fundamentos colocados por outros, pois somos comunidade e não autônomoas.

Na grande construção da vida cristã, também nós somos convidados a deixar nossa contribuição, com reflexões ou com o próprio exemplo.