A sua pergunta tem a ver com a nossa concepção segundo a qual o mundo empírito nada tem a ver com o mundo material. Pensamos, muitas vezes, que a realidade espiritual é separada da realidade material. Isso é fruto do gnosticismo que existia já na igreja primitiva. Essa coisa foi condenada naquela época, mas tem raízes que influenciam ainda hoje os pensamentos de muitas pessoas.

O ser humano é espírito e matéria, sem dicotomia, sem separação. É isso que se afirma também com a fé na ressurreição da carne.

Essa premissa serve para dizer que quem canta tem também que viver, que o trabalhador merece o seu salário, que o pastor precisa comer, que o padre precisa de uma casa. 

É por isso que acredito que um show gospel pode ter uma vantagem econômica. O cantor gospel pode pedir uma contribuição pela sua música. Não é verdade que se escutamos o nosso cantor preferido estamos dispostos a pagar para a satisfação que obtemos escutando seus acordes? Por que não deveríamos fazer o mesmo para algo que conforta o nosso espírito e nos ilumina?

A filantropia é uma coisa bonita e tem muito do espírito cristão por trás dela, mas ninguém vive sem pão.

Eu tenho certeza que a situação que você descrive pode ser entendida perfeitamente como uma possibilidade para edificação.

É claro que toda essa reflexão precisa também prever a exploração. Isto é, há líderes que exploram a sensibilidade espiritual das pessoas para lucrar, para se tornarem ricos. O justo salário é devido a todos, mas que seja JUSTO. E é essa a atitutde que distingue os cristãos do consumismo desenfreado.