O texto que você menciona (Mateus 23) traz uma forte crítica aos "escribas e fariseus", acusados de se comportarem mal, de anunciar uma coisa e, na prática, agir diversamente. São taxados como pessoas que gostam de aparecer, usando elementos exteriores para mostrar a própria espiritualidade, mas por dentro não são coerentes.

Sabemos bem que todos nós corremos este risco. Quanto mais uma pessoa aparece, mais pode ser julgada. Os padres, pastores e líderes em geral estão sujeitos a este juízo e deveriam ser pessoas irrepreensíveis, dignas do lugar que ocupam. Conheço muita gente coerente, que crê naquilo que anuncia, que vive aquilo que prega. Com certeza há tantos outros que precisam se converter, que precisam aproximar seu comportamento àquilo que dizem. O mesmo vale para os comuns cristãos.

É importante notar que no início da passagem Jesus diz: "fazei  e observai tudo quanto vos disserem". A autoridade, mesmo se não tem uma coerência, está colocada ali para ser uma luz para quem escuta. Por isso, a falta de coerência não nos exime de seguir as palavras ditas.

Outro aspecto importante, do ponto de vista histórico, é que não condenemos indiscriminadamente os escribas e fariseus. Pensamos que os fariseus fossem as piores pessoas do mundo, no tempo de Cristo. Isso não é verdade. Graças a eles a religião em Israel se aproximou do povo, se tornou popular, saiu do templo. Discutiam a Palavra de Deus como algo vital, importante para a própria vida. Talvez nos evangelhos costumamos ver os seus excessos, mas não é toda a história. Uma visão parcial dos "escribas e fariseus" pode nos levar ao anti-semitismo e repetir fatos históricos absurdos que marcaram de maneira absurda a história do século passado.