O Luis continua a sua reflexão dessa maneira:

E vocês sabem que acontecem guerra desde o antigo testamento até hoje pela ganância e para conquistar as riquezas das outras nações. Os líderes fingem se importarem com as guerras, mas ganham muito dinheiro vendendo armas e financiando o terror. A indústria das guerras vai continuar matando inocentes e destruindo nações. Então, naltecer esse povo é certo?

Há dois aspectos na sua colocação que precisam ser tratados separadamente. Em relação à guerra, você tem toda a razão e hoje isso é evidente, diante da situação em que nos encontramos. Há uma grande hipocresia por parte dos governos que, de um lado combatem, e com a outra mão alimentam esse círculo vicioso. São lógicas de interesse monstruosas e crueis e esperamos sempre na conversão dos dirigentes, daqueles que fabricam armas e as entregam a grupos de criminais responsáveis pelo último elo da corrente de ganância e busca de poder.

Outra questão é o "enaltecer a história do povo judeu". Esse, invés, é um dever de todo cristão! De fato, esse povo foi eleito por Deus e essa eleição vale ainda hoje. Foi através desse povo que Deus se revelou a nós; Jesus era judeu.

É muito importante, a propósito, ler a Carta aos Romanos. Nela, Paulo chama os judeus de "meus parentes segundo a carne", e diz: "a eles pertecem a odoção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas, aos quais pertencem os patriarcas, e dos quais descende o Cristo, segundo a carne" (Romanos 9,4-5). 

Há uma certa corrente teológica que sublinha a "teologia da substituição": o povo de Israel não acolheu a Cristo e a Igreja se tornou o Novo Israel. Essa lógica não é correta. Os cristãos não substituiram os hebreus em relação à eleição. A aliança com os judeus nunca foi revocada. A novidade da Igreja é que se abriu ao mundo e os dons de Deus se espalhou a todos os povos. 

A teologia da substituição promoveu o antisemitismo e sabemos que o culmine disso foi o massacre dos judeus na Segunda Guerra, na Europa.

O diálogo interreligioso entre cristãos e judeus é mais do que nunca necessário. No judaísmo temos nossas raízes e só quanto o entendermos daremos pleno valor à mensagem de Cristo.

As guerras presentes no Antigo Testamento fazem parte da dinâmica de revelação divina. A revelação plena está em Cristo, mas a história é necessária ainda hoje para entender plenamente a encarnação de Deus. Deus se revela aos poucos, como um pedagogo que ensina o povo a acolhê-lo.