Olá Robson Brumatti de Santo André / SP!

A sua pergunta tem fundamento, pois nos deixa na dúvida quando queremos seguir critérios mais apurados de dias da semana e horas para este episódio da morte de Jesus.

Isto tudo nos atrapalha por elementos que devemos considerar.

- Nosso calendário ocidental é diferente do calendário judaico. Para o Judaísmo o dia de sábado, considerado de descanso total, tem o seu início na véspera, na sexta feira quando aparece pela tarde a primeira estrela no céu. E termina no dia seguinte pela tarde. Isto nos provoca alguma confusão.

- outro elemento a considerar é que os 4 evangelhos fazem leituras diferentes, pois foram escritos muitos anos depois do fato. Precisaram de testemunhas para confirmar os acontecimentos. Foi o caso de Lucas, que apresenta muitas limitações quando coloca no texto, citações do judaísmo ou elementos geográficos da Palestina do tempo de Jesus.

- O evangelista João escreve pelo ano 95 d.C. portando 60 anos depois, fazendo uma releitura existencial dos acontecimentos.

Procurei encontrar respostas que condizem à interpretação do texto. Coloco alguns resultados encontrados;

Já é conhecida a divergência dos textos dos sinóticos que fazem coincidir a ceia pascal judaica (tarde da vigília do dia 15 de Nisan) e a última ceia de Jesus com o evangelho de João que coloca a ceia de Jesus antes da festa da Páscoa , na tarde do dia 13 de Nisan.

Depois das descobertas arqueológicas em Qumrãn, despontou uma solução para o problema. Os essênios seguiam um outro calendário para comemorar a data da Páscoa, que era diferente da comunidade de Jerusalém.

Os evangelistas muitos anos depois dos acontecimentos, e mesmo com a queda de Jerusalém em 70 d.C. não se esmeraram com certas precisões históricas e datas. Seguiram o testemunho das pessoas que estavam ainda vivas e contavam os fatos.

Se pode entender que os sinóticos anteciparam a celebração da “Ceia” inserindo a narrativa num contexto mais amplo da Páscoa Judaica e colocando um significado novo trazido por Jesus. Muitos chamam a Páscoa de Jesus. Encontramos nestas narrativas elementos de teologia explicativa.

Consulta:

ACQUISTAPACE, PAOLO, e outros, O evangelho de Jesus, Co-edição Paulinas e Ist. S. Gaetano, Caxias do Sul, Milano, 1970, pág. 297.

LANCELOTTI, Angelo, O evangelho da Igreja, segundo Mateus, coleção O evangelho hoje , vol III, edição portuguesa de Ludovico Garmus, Editora Vozes, Petrópolis, pág.196.

BAUER, JOAHNNES., Dicionário de Teologia Bíblica, Loyola, São Paulo, 1973, pág.817.