Do ponto de vista histórico, as suas considerações procedem, mas é preciso fazer algumas considerações principalmente em relação à possível conclusão que você chega.

Para sermos exatos, a religião em questão é o cristianismo. Essa religião tem diversas correntes, que alguns chamam seitas. Para não ofender ninguém, visto que "seita" tem uma conotação negativa, poderíamos corretamente dizer que o cristianismo tem ao seu interno diversas divisões, diversos grupos. Um deles, o mais imponente, seja por influência que por número, é a igreja católica.

Há uma tradição histórica que liga os católicos aos apóstolos, mas há também uma tradição que liga, por exemplo, os cristãos ortodoxos aos apóstolos. Mesmo Lutero, embora tenha abondonado alguns costumes e a fidelidade ao papa, provavelmente não abandonou a riqueza da tradição que derivava da igreja primitiva, dos apóstolos. Por isso, toda a história da igreja pertence também aos protestantes.

É evidente que a divisão cria perda. Mas isso acontece para ambas as fatias criadas pela divisão. Com Lutero, perderam tanto os protestantes quanto os católicos. E assim acontece com cada nova divisão que entra em vigor.

Como católico, tenho consciência do poder que podemos exercer na opinião pública em questões teológicas e até mesmo a possibilidade de que possamos apareçam como "verdadeiros cristãos", em detrimento de tantas outras realidades cristãs positivas. Creio firmemente que a nossa meta é o ecumenismo, o reconhecimento do valor intrínseco em cada realidade cristã. Penso que será impossível uma união de todos os ramos que se dividiram, mas ao menos almejo a possibilidade de diálogo. Isso muitas vezes parece um sonho, embora o Papa Francisco tenha dados passos gigantes nesse sentido. Não deveria ser apenas um sonho, mas uma realização da vontade de Cristo: "que todos sejam um!" (João 17,21-22). Enquanto isso não acontece, não somos verdadeiramente cristãos.