Trabalhos do Curso de Especialização Estudos Bíblicos da Faculdade Católica de Santa Catarina (FACASC), sob a orientação da Professora Silvia Togneri.


Samaria, tempos idos

Se reportarmos as Antigas Escrituras, Israel era constituída por doze tribos que vivenciavam certo “clima” de hostilidade entre elas. Estas mesmas tribos foram unidas no reinado de Saul, por volta de 1000 a.C. Depois de Saul vieram Davi e Salomão, que segundo algumas literaturas acessadas Salomão morreu em 930 a.C. aproximadamente, e a partir daí estas tribosromperam suas relações, surgiu portando o cisma, onde a população da região norte instituíram o Reino de Israel ou reino de Samaria (tribos: Efraim, Dã, Manassés, Isaacar, Zabulon, Neftali, Aser, Gad e Ruben), pois esta cidade à época, por volta do século IX a.C. foi escolhida para ser a sede da capital israelita. Ao sul o reino inimigo Judá (tribos: Benjamim, Judá e Simeão). A antiga Samaria foi destruída, aniquilada por inúmeras vezes, ainda sob o Império Romano. Herodes, o grande praticamente “decorou” Samaria com obras luxuosas, dando-lhe o titulo de Augusta em homenagem ao imperador romano de nome Augusto. Na época tornou-se uma das quatro regiões da Palestina.  

Ao pesquisar o tema percebi que falar de Samaria é o mesmo que embrenhar-se em uma “mata virgem” sem conhecê-la, com certeza ficaria perdido diante das riquezas naturais e pela falta de conhecimento da região, não saberia onde ir.  O mesmo pode-se afirmar quanto a capital do Reino do Norte, historicamente falando, as dificuldades são semelhantes, pois as riquezas de dados encontrados são impressionantes, mas ao mesmo tempo quantas divergências. Autores divergem quanto às narrativas, outros relatam de forma incoerente, datas não coincidem, medidas não fecham, que dificuldade! Comprovando esta situação resolvi confrontar alguns itens começando pela origem e significado do nome Samaria.

Samaria significa “guardar ou prestar atenção”, mas de acordo com o livro de 1Reis 16,24, deriva Shemer antigo proprietário do local, que teria vendido ao Rei de Israel Omri. Em outra definição colhida da Bíblia On line, livro 1Reis 16,23-24 afirmao nome Samaria deriva de “Semer”, nome do homem de quem Onri comprou por dois talentos de prata o monte no qual construiu a cidade. E ainda: No grego, Samáreia. No hebraico, o nome significa “vigia”. Era a capital do reino do norte, Israel, após a divisão em Israel e Judá. É também conhecida como Sebastia, Sebastiya, Sebastiyeh, Sebastos, Sebustiyeh, Shamir, Shomeron, Shomron, "casa de Khomry" Samaria, capital do Reino do Norte, Israel. Samaria hoje é chamada de Cisjordânia. A região central da antiga Palestina e sua capital, agora chamada é de Sabasṭiyah.

E a localização – Emum artigo denominado: Samaria e os Samaritanos, publicado no site “Santo Vivo – Estudos Bíblicos”,diz queSamaria estava localizada sobre uma colina de 91 metros de altura, a 67 quilômetros ao norte de Jerusalém. Situada a meio caminho do Jordão ao Mediterrâneo, a oriente da planície de Sarom, no alto de um monte alongado e íngreme, a noroeste de Siquém,  próximo da entrada da Planície de Saron e da entrada do Vale de Jezrael em direção a Fenícia. Já Paulo Marins em seu Artigo publicado em seu site sobre a História de Samaria, narra  a localização de outro “ângulo” e afirma: A cidade de Samaria foi edificada a meio caminho entre o Jordão e o Mediterrâneo, a 12 km a noroeste de Siquém. Estava em uma localização estratégia para a defesa militar e foi muito bem fortificada. Em  outro artigo publicado na página Cafetorah Noticias de Israel afirma que a cidade de Samaria, capital das dez tribos, era uma cidade forte, semelhante à de Jerusalém. Estava situada a meio caminho do Jordão ao Mediterrâneo, ao oriente da planície de Saron, no alto de um alto monte, acessível de uma parte, e bem protegido pela outra. Já não são mais 67 quilômetros, mais sim 65 quilômetros ao norte de Jerusalém, e cerca de quarenta quilômetros das margens do mar Mediterrâneo como consta da Bibliografia J. M. Bentes. E por fim Samaria está localizada a oeste do rio Jordão com Jerusalém aproximadamente no centro, e é uma peça histórica da Terra de Israel, reforça Jimmy DeYoung, diretor da Shofar Communications, em seu periódico “Direto de Israel”, ele que é jornalista e trabalha em Israel e nos EUA.

 

Observantes

Os Samaritanos eram conhecidos ou chamados como observantes em função de aceitarem somente o Pentateuco, no qual está inserido a Lei de Moisés, observada por eles até a presente data. No tempo de Jesus os samaritanos se isolaram, para se distanciarem de Jerusalém, com isso criaram preceitos e regras próprias, construíram um templo só para eles e fizeram algumas modificações nas Escrituras. Grande parte dos pesquisadores possui a mesma linha de raciocínio em relação à comunidade dos samaritanos que etnicamente e religiosamente não se consideram parte da sociedade judaica, e se autodenominam “israelita-samaritana”, segundo eles comunidade esta, herdeira do Reino de Israel, mais precisamente os pertencentes aos clãs de Efrain e Manasses, descendentes de José.      

 

Profetas que atuaram

Foi em Samaria que os profetas Elias e Eliseu exerceram seus ministérios. Elias, onde seu próprio nome significa "Yahweh é Deus" ou "Yahweh é meu Deus". Elias é quem mantém a fé em Yahweh, acreditava em um “Deus monoteísta” e o conservava no meio povo em suas lutas por direitos. Lutou arduamente contra todo sincretismo religioso.  Enquanto o livro do Eclesiástico cantam suas glórias (48,1-11), os livros dos Reis nos contam sua vida de maneira bastante ampla. Percebemos dois ciclos nesta narrativa: “o ciclo de Elias”, ou seja, centralidade na atividade profética (1Rs 17 – 2Rs 1,18) e o “ciclo de Eliseu” cujo inicio se dá no arrebatamento de Elias (2Rs 2-13). Elias deixa como legado, seu exemplo de vida, seu caráter, sendo em profeta de Deus!

 

Revelações  arqueológicas, alguns achados:

Palácio de Onri e Acabe - Ao desenterrarem os fundamentos do palácio de Onri e os fundamentos e as ruínas ainda maiores do palácio Acabe no cume da colina de Samaria, foram encontrados na parte inferior do muro norte do palácio milhares de fragmentos de marfim, muitos quase destruídos pelo fogo. Dentre estes, uns trinta ou quarenta foram recuperados e encontra-se em excelente estado de conservação. Indicando a forte influência do Egito sobre Israel alguns destes marfins traziam representados: o loto, os leões, os deuses Isis e Horus, bem como as esfinges. A coleção de marfim incluía peças talhadas de grande variedade e desenho, tanto em tamanho como em decoração. Algumas estavam em “redondo”, outras em placas em baixo-relevo, e outras eram silhuetas ou trabalhos de perfuração. Algumas peças tinham sido lavradas para receber incrustações em cores. Outras tinham sido recobertas de ouro, ou apresentavam incrustações de lápis-lazúli. Segundo um dos autores pesquisados estas peças segundo deduziram os escavadores, estavam originalmente incrustadas no trono, nas camas, nos divãs, nas mesas, nos armários, e talvez nas paredes entre as colunas e no teto do palácio. Todos esses achados deram solidez ao relato do livro de 1 Reis 22.39, que mencionou a casa de marfim como uma das proezas de Acabe; ou seja, a residência que ele edificou para si mesmo e para sua rainha Jezabel. Também confirmaram o sermão do profeta Amós (Am 6.1-4; 3.15). Outro fato importante é que no extremo norte do pátio do palácio de Acabe, os escavadores encontraram um tanque de água feito de cimento, provavelmente, segundo dedução dos escavadores, o “tanque de Samaria” no qual foi lavado o ensanguentado carro de guerra de Acabe (1 Rs 22.38). Dentro de um dos armazéns do palácio foi recuperada a famosa “Óstraco de Samaria”, a qual constava de várias centenas de restos de cerâmica inscritos com tinta. Sessenta e três deles continham escritura bastante legível em hebraico antigo. Todos eles são apontamentos referentes a pagamentos de impostos em azeite e vinho, enviados por indivíduos às despesas do palácio real. Alguns desses mordomos tinham nomes bíblicos, tais como Acaz, Sabá, Nimshi, Abinoam e Gomer.

Bet Shean – A Autoridade de Antiguidade de Israel efetuou trabalhos de escavações arqueológicas em Bet Shean, e uma inscrição lá foi encontrada que diz: “Este é o Templo”. As ruínas de uma sinagoga e fazenda que no período bizantino tardio funcionava, e que até pouco tempo era desconhecida foram exposta em uma escavação arqueológica realizada. O Edifício exposto é um salão retangular (5x8 metros) próximo ao vale do Jordão. Cinco recessos retangulares foram na época construídos nas paredes da sala de oração em que bancos de madeira foram provavelmente instalados. O chão da sala revestido com mosaico colorido, de padrão geométrico. No centro do mosaico foi encontrada a referida inscrição. A frente da face ao sudoeste, em direção ao Monte Garizim, o monte sagrado para o povo samaritano.

 

Quem era e quem são os Samaritanos?

O sentido desta palavra na única passagem do Antigo Testamento (2Rs 17.29), aplica-se a um indivíduo pertencente ao antigo Reino do Norte de Israel. Em escritos posteriores, significa um individuo natural do distrito de Samaria, na Palestina central (Lc 17.11). De acordo com o livro 2Rs, 17 os samaritanos surgiram depois do ano 721 a.C. com a fusão entre os poucos cidadãos do reino de Israel que ficaram na sua terra e colonos que para lá foram deportados pelos Assírios. Os samaritanos remanescentes residem, atualmente, em Holon, localizada em Israel, e em Nablus, situada na Cisjordânia; não dispõem de rabinos e rejeitam o Talmud, cultuado pelos judeus ortodoxos. Há cerca de 700 samaritanos ou menos em todo o Planeta, sua língua é o hebraico na versão moderna e o árabe praticado pelos palestinos. Nos seus rituais eles usam o hebraico samaritano. Estes povos viviam e vivem até hoje em constante rivalidade, sob o ponto de vista dos hebreus mais ortodoxos, que não tem os samaritanos judeus como filhos de Israel, mas sim como estrangeiros de descendência, ao contratrio do governo que os considera não oficialmente como legítimos israelitas. Diante dos judeus conservadores eles eram vistos como hereges e tratados com descasos, muitos condenados, perseguidos, caluniados. Mesmo tendo a mesma origem Judá e Israel alimentavam diferentes pontos de vistas religiosos, que os levava a contrapor. A quem diz que os samaritanos tende a diminuir cada vez mais, pois eles só contraem matrimônio entre si, são muito rígidos e intolerantes, além de dificilmente aceitarem conversões de membros de outros grupos. Mas em contrapartida é importante ressaltar que ao final do século passado praticamente “decretaram” a extinção dos samaritanos que formavam um pequeno grupo de aproximadamente 100 habitantes, mas que atualmente ultrapassa em muito este número que até pouco tempo atrás seria inimaginável segundo alguns estudiosos.  

 

Religião e Doutrina dos Samaritanos

Religião - Os samaritanos afirmaram a sua autonomia religiosa, formando uma comunidade distinta e separada e erguendo, no século III a.C., um templo próprio no monte Garizim, perto de Siquém, que foi destruído por João Hircano, quando da tomada de Siquém e o monte Garizim, e destruiu o templo samaritano; porém os antigos adoradores continuaram a oferecer culto no monte onde existiu o edifício sagrado. Como já mencionado só reconheciam o Pentateuco, ou seja, os primeiros cinco livros da Bíblia, como texto sagrado. Embora observassem o sábado e outras festas, bem como o rito da circuncisão, eram considerados impuros e hereges pelos judeus. O motivo principal que levou os samaritanos a receber tão alegremente o evangelho pregado por Filipe, foram os milagres por ele operados (At 8.5,6). Outro motivo que sem dúvida concorreu para o mesmo resultado, é que, ao contrário das doutrinas dos judeus, o Cristianismo seguia os ensinos e os exemplos de seu fundador, Jesus, admitindo os samaritanos os mesmos privilégios que gozavam os judeus convertidos ao Evangelho (Lc 10.29-37; 17.16-18; Jo 4.1-42).

Doutrina- Os judeus samaritanos consideram-se o verdadeiro Israel. São monoteístas, crêem apenas em Moisés como profeta e escolhido por Deus para entregar a Torá, que no caso dos judeus samaritanos tem pontos de diferença com a Torá comumente aceita. Rejeitam a tradição oral rabínica, os profetas e os escritos do Tanakh fora da Torá. Utilizam um código (Hillukh) que trata como aplicar a Torá à vida social.

Aceitam o monte Gerizim como o monte de Deus, conforme sua Torá ( Deuteronômio 27:4), local onde permanecia seu templo, e onde fazem as adorações e fazem seus sacríficios de Pessach.

Sua cidade sagrada é Nablus, chamada no passado de Siquém ou Sicar, onde de acordo com a Bíblia, Jacó teria erguido um altar (Gênesis 34:18-20) e onde teria sido sepultado José (Josué 24:32).

Os samaritanos são educados em sua religião por seus mestres chamados de cohanim. Consideram-se como parte do povo hebreu, mas não do povo judeu.

Fontes:

1.      Referências Bibliográficas:

  • ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Edições FEESP. São Paulo, 1998.
  •  ATLAS da Bíblia, 1. Ed. São Paulo: Paulus, 1985. 17ª reimpressão, 2012.
  • BÍBLIA Sagrada. Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, 1998.
  • ROBERTA TAVERNA, FILLIPO SERAFINI. ABC para conhecer o mundo de Jesus. 1. Ed. São Paulo: Paulus, 2008.

2.      Sites acessados