É uma pergunta importante, pois ajuda a entender várias narrações da Bíblia que mencionam, de passagem o conflito existente entre as duas regiões. Veja, por exemplo, a parábola do bom samaritano (Lucas 10,29-36), onde é acenado à relação difícil existente entre os samaritanos e os habitantes de Jerusalém (sacerdote). Há também o episódio contado por João 4, quando Jesus encontra a Samaritana no poço, coisa que provoca escândolo não só pelo fato de ser uma mulher, mas também porque é uma samaritana.

No tempo de Jesus existia muito contraste com os habitantes da Samaria, que dista poucos quilômetros de Jerusalém, da Judeia. Eles eram considerados uma seita, cismáticos ou até mesmo como pagãos. Em Mateus 10,5 Jesus diz para seus discípulos de não entrar nas cidades da Samaria. Apesar dessa passagem, Jesus acolhe os samaritanos e sublinha como eles conseguem entender a sua mensagem. Por exemplo, no caso dos 10 leprosos curados (Lucas 17,11-19), apenas um volta reconhecendo o graça de Deus e era um samaritano.

História dos samaritanos

Para entender o nascimento dos samaritanos, precisamos lembrar que o reino de Israel, depois da morte de Salomão, foi dividido em Reino do Norte (também conhecido como Israel), cuja a capital era Samaria, e Reino do Sul, com sede em Jerusalém, conhecido como Reino de Judá. O Reino do Norte era composto por 9 tribos e abrangia a maior parte do território de Israel. Cada um dos reinos seguiu uma história diferente. Cerca de 700 anos antes de Cristo, o Reino do Norte acabou, sendo tomado pela Assíria e seus habitantes foram deportados. Alguns habitantes ficaram na terra. Provavelmente eram agricultores, gente mais pobre. Do ponto de vista dos habitantes de Jerusalém, esses habitantes que ficaram na Samaria começaram a perder a própria identidade religiosa, misturando-se com os pagãos, perdendo as características que os ligavam ao Deus único de Israel.

O Reino do Sul, cuja capital era Jerusalém, sobreviveu ainda por cerca de 200 anos, quando em 587 a capital foi destruída e os moradores levados para o exíliio em Babilônia. Segundo a Bíblia, quando esses deportados voltaram do exílio e tentavam reconstruir o templo, os Samaritanos queriam frear a contrução. Também teriam se aliado contra os judeus na época de Antíoco IV.

Do ponto de vista histórico, todavia a história parece ser diferente. De fato os samaritanos preservaram a fé em YHWH, o Deus único, tanto que chegaram a construir, em Garizim, um templo que era cuidado por sacerdotes da descendência sacerdotal. E, em ralação à reconstrução do templo de Jerusalém, há indícios que os samaritanos quiseram ajudar os judeus a reconstrui-lo, mas foram esses últimos que não aceitaram a ajuda dos "primos" samaritanos. Os samaritanos até mesmo adotaram o Pentateuco (com algumas 'correções' onde se sublinha sobretudo a importância do templo no Monte Garizim invés de Jerusalém) e eram fiéis aos mandamentos dados por Moisés.

Na bíblia temos um conflito muito interessante entre esses dois grupos de hebreus. Uma parte da Bíblia (Esdras e Neemias) conta como a comunidade de Jerusalém era decidida a separar os judeus que regressaram do exílio em Babilônia dos judeus que ficaram na terra, que não foram deportados, a "gente da terra". Por outro lado, transparece que essa separação entre os dois grupos foi o auge de um longo batalha política que, num primeiro momento, parecia prevalecere a ideia daqueles que queriam a união entre as duas correntes.