Nós não sabemos exatamente quantas línguas os apóstolos conheciam. E isso vale também para Pedro. Eles, no dia-a-dia falavam em ramaico, que era também a língua falada por Jesus. Os históricos consideram também a possibilidade que os habitantes da Palestina, naquele tempo, conhecessem também o grego, que era a língua mais usada em toda a área do Mediterrâneo. Pode ser que alguns apóstolos soubessem também ler o hebraico, mas era uma língua que vivia apenas nos livros, no ambiente do templo e da sinagoga, quando se tratava de leitura; não era mais falada. Outra língua falada na região era o latim, que representava os autos representantes de Roma e também os soldados que prestavam serviço militar para o Império Romano. Pode ser que pelas estradas se escutasse esse idioma, mas é pouco provável que as pessoas do lugar a conhecesse.

Vemos em detalhes essas línguas.

 

O aramaico

É a língua semítica muito próxima ao hebraico, árabe e com outras línguas da mesma região. Desde o tempo do Império Assívio (700 anos antes de Cristo), essa língua se tornou comum em todo o Oriente Próximo como uma língua diplomática. Com o advento do Império Persiano (500 anos antes de Cristo), o aramaico passa a ser a língua predominante da região e continou sendo até mesmo depois de Cristo e hoje é falado apenas em alguns lugares na Síria. Há alguns outros lugares, no Iraque, que falam o síriaco, derivado do aramaico.

Desde que a Palestina passou ao Império Persiano, os hebreus, que tinham como língua materna o hebraico, começaram a falar aramaico e alguns trechos do Antigo Testamento foram inclusive escritos nessa língua (Esdras 4,8 - 6,18; 7,12-26; Daniel 2,4 - 7,28; Jeremias 10,11).

Recordamos a frase de Jesus na cruz: "Eli eli lema sabachthani" (Mateus 27,46), que é dita em aramaico.

Como Jesus, também os apóstolos falavam em aramaico.

 

Hebraico

No tempo de Cristo muitos já não entendiam mais o hebraico, mas era ainda usado como texto litúrgico, como o latim antes do Concílio Vaticano II entre os católicos: ninguém mais falava latim no quotidiano, mas na igreja se rezava em latim.

 

Grego

Desde quando Alexandre Magno conquistou a palestina, em 332 antes de Cristo, o grego se tornou a língua política e também do comércio e da cultura. Por isso, os hebreus que tinham uma boa instrução e cultura, principalmente aqueles das classes mais altas, conheciam também o grego. Há alguns, vendo por exemplo a conversa de Jesus com o centurião romano (Mateus 8,5-13) ou na conversa com Pilatos, pensam que Jesus podia entender o grego, mas isso é apenas uma hipótese. A mesma hipótese poderia ser levantada em relação aos apóstolos, mas sinceramente penso que seja difícil que pescadores da Galileia falassem em grego, embora na Galileia, especificamente em Séforis, o grego também era usado. Pode ser que mais tarde, quando o cristianismo começou a se difundir, eles tenham aprendido a língua.

 

Latim

Em João 19,20 se diz que a inscrição colocada na cruz de Jesus trazia a frase em hebraico, grego e latim. Todavia é claro que o latim era a língua dos romanos e era usada exclusivamente em relação ao exército. Para tudo que se relacionava com as questões administrativas se usava o grego. A frase em latim na cruz pode estar relacionada com a presença de uma legião romana, com os soldados romanos ali presentes.