Ana, mencionei, há alguns dias, a questão do sacrifício a Maloc (ou Maloque) quando respondi uma questão sobre Jefté que sacrifica a própria filha. A sua pergunta, invés, é mais direta e busca saber quem é Maloque.

Esse personagem é um deus. Na verdade, a sua origem vem de um simples vocábulo fenício e significa simplesmente "sacrifício", mas sacrifício em que a vítima vinha consumida pelo fogo. Seria como o holocausto na Bíblia. Com o passar do tempo, sempre em ambiente pagão, esse termo passou a ser divinizado e, em Ugarit (atua Ras Shamra, na Síria), aparece como um nome de deus, numa lista com diversos deuses.

 

A nossa curiosidade sobre esse nome nasce porque aparece várias vezes na Bíblia. Em 2Reis 23,10, por exemplo, conta-se que Josias destruiu um local, às portas de Jerusalém, "para que ninguém mais pudesse passar pelo fogo seu filho ou sua filha em honra de Moloc". A mesma informação é mencionada por Jeremias 7,31.

 

É provavelmente a causa de comportamentos desse tipo, quando parece que crianças eram sacrificadas, que aparece em Levíticos e Deuternômio proíbições explicitas contra ações desse tipo:

  • Não entregarás os teus filhos para consagrá-los a Molec, para não profanares o nome de teu Deus (Levíticos 18,21);
  • Todo filho de Israel, ou estrangeiro que habita em Israel, que der um de seus filhos a Molec, será morto (Levíticos 20,2);
  • Que em teu meio não se encontre alguém que queime seu filho ou sua filha (Deuteronômio 18,10).