O livro de Ezequiel precisa ser lido no contexto histórico em que foi escrito. Ezequiel, filho de uma família sacerdotal, viveu por volta de 600 anos antes de Cristo e sofreu o exílio em Babilônia, a partir de 593. Para os profetas, o exílio em Babilônia é uma punição divina, por causa da infedelidade do povo. Eles constantemente proclamam oráculos contra os dirigentes, contra a religião praticada no Templo, contra todo o povo, numa tentativa desesperada de evitar a punição amarga de Yahweh. Os profetas recebiam a mensagem de Deus e tinham a tarefa de comunicá-la a todo o reino de Judá. Não era uma missão fácil, pois os ouvidos estavam fechados a esses homens de fé. Junto com Ezequiel devemos inserir também Jeremias. Os dois, embora vivendo experiências diversas, são contemporâneos.

 

No capítulo 21, Ezequiel anuncia a devastação de Judá provocada pela Babilônia. É eminente a invasão de Nabucodonosor. A leitura que o profeta faz, já exilado (foi levado para Babilônia antes da destruição definitiva do templo de Jerusalem acontecida 587a.C.), é que é a mão de Deus que está agindo. É claro que a linguagem usada por Ezequiel nos espanta: "a espada está afiada e polida! Afiada para executar na matança". Todavia essa imagem plástica não é aquela que deve prevalecer na nossa interpretação. Deve predominar a certeza que a história é permeada pela presença divina.

 

Todavia a mensagem de Ezequiel não é de pessimismo. Primeiro de tudo a experiência do exíliio é um período de prova (veja versículo 18). Se continuamos a leitura do livro, sobretudo os capítulos 33-39, vemos claramente a esperança do profeta num futuro melhor e esta promessa é feita ao povo exiliado, culmunando na visão do novo estatuto político de Israel, com a comunidade restabelecida na Palestina. E tudo isso efetivamente acontecerá em seguida ao crescimento do império Persa, que conquista a Babilônia e deixa os israelitas voltarem à Terra Prometida.