A sexualidade faz parte do ser humano e o caracteriza durante toda a sua existência. Não é, portanto, uma atribuição ou uma capacidade funcional, mas é a sua modalidade substancial. Segundo o Gênesis ela é uma realidade boa e a diferença sexual faz parte do projeto de Deus (homem e mulher Deus os criou – Gn 1,27). O mesmo livro retém que o significado da sexualidade está na união (Os dois serão uma só carne – Gn 2,24) e na procriação (sede fecundos, multiplicai-vos – Gn 1,28).

Sendo parte integral da pessoa, o pecado afeta também a esfera sexual. E a Bíblia fala da tentação a qual a sexualidade é exposta, a dor do parto e o abuso do homem sobre a mulher.

Com o passar do tempo o pensamento cristão sobre a sexualidade sofreu a influência de correntes baseadas em visões ascéticas e rigorosas, que sublinhavam aspectos negativos relacionados com ela e também em relação à corporeidade e ao prazer sexual. O resultado foi o abomínio da sexualidade e a criação de muitos prejuízos.

Ultimamente o pensamento tem mudado e a sexualidade vem reconquistando o seu justo valor e se liberta de posições morais tradicionais como aquela que aceitava a sexualidade apenas em caso de procriação ou como algo que devia ser tolerado para evitar outros pecados.

Você que lê essas linhas pensa: “E quando será respondida a pergunta?” Na verdade não existe uma resposta pronta. De modo errôneo, pensamos que a Bíblia é um livro que dá respostas. Não é assim. Dá fundamentos para o nosso comportamento e cabe a cada comunidade continuar a leitura e atualização da Palavra de Deus.

Não tem nenhuma passagem bíblica que fala explicitamente sobre o sexo antes do casamento. Trata-se de uma questão moderna. Da mesma forma a Bíblia não diz que se pode fazer sexo antes do casamento. Dá, contudo, algumas indicações que precisam ser lidas com olhos críticos e sempre dentro da comunidade.

A partir disso poderíamos, por exemplo, retomar o texto do livro do Gênesis. O homem deixa o seu pai e a sua mãe para viver com sua mulher; os dois se tornam uma só carne (2,24). Essa passagem não diz nada sobre o sexo antes do casamento, mas fundamenta toda eventual relação sexual. Quando duas pessoas fazem amor se tornam ‘uma só carne’, uma unidade. O ato sexual une duas pessoas, rendendo-lhes conjunto, um casal. De fato Jesus (Mt 19,5-6) retoma a passagem do Gênesis e acrescenta: “já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não deve separar”. Nesse sentido pode ser lido o texto de Êxodo 22,15-16, onde se diz que se algum homem seduz uma jovem não casada deve, como consequência, tomá-la como esposa.

Esses textos não são categóricos em afirmar que não se pode fazer amor antes do casamento. Todavia são claros em afirmar a importância do ato sexual: não é um jogo e nem simples busca de prazer, mas expressão de amor e responsabilidade.

Fazer amor não é apenas um ato como qualquer outro, mas engloba diversas dimensões antropológicas tais como aquela pessoal e interpessoal. Quanto à dimensão pessoal, quando fazemos amor, nos confrontamos com a responsabilidade em relação a nós mesmos, ao nosso crescimento como pessoa. Fazer amor engloba também a dimensão interpessoal, isto é, o ato sexual exige que consideramos o outro como uma pessoa e não um simples objeto de consumo.

Elaine, a leitura da Bíblia evidencia essas idéias e nos ajuda a comportar de modo conseqüente.