calendário ecumênico da Terra SantaQuando vivemos a experiência do ano novo em nosso mundo ocidental, nessas terras tropicais, longe de culturas contrastantes, não nos damos conta da complexidade que envolve o número que marca o tempo que vivemos, neste caso, o número 2018. A mesma coisa não acontece, por exemplo na Terra Santa. Há uma publicação clássica dos freis franciscanos, da Custodia de Terra Santa, um calendário, tipo folhinha do Sagrado Coração, que mostra, cada dia, a data de 5 calendários diferentes, o clássico ocidental – o nosso, o juliano, o copta, o muçulmano e o hebraico. Veja um exemplo na foto ao lado (6 de janeiro de 2005) - Nesse link, a página do calendário de 2018. A realidade é ainda mais complexa. De fato poderíamos citar o colandário chinês, babilonês, egipciano e vários outros.

 

Calendário gregoriano

O nosso calendário, chamado gregoriano, embora seja o calendário oficial da maior parte dos países do mundo, é relativamente recente e tem pouco mais de 5 séculos de vida. Ele foi criado pelo papa Gregrorio XIII, em 1582. É um calendário que se baseia no sol, tendo um total de 365 ou 366 dias nos anos bissextos, que temos a cada 4 ano. No ano bissexto, o mês de fevereiro tem 29 dias.

 

Calendário juliano

O calendário gregoriano deriva do calendário juliano, que também é um calendário solar, criado no tempo do Imperador Julio Cesar – por isso “juliano”, exatamente no ano 46 antes do nascimento de Cristo. Tornou-se o calendário oficial do império romano e o seu uso se estendeu por todo o ocidente. Apesar da reforma do Papa Gregório, o calendário continou sendo usado por muitas nações, que se conformaram com o novo calendário só mais tarde (a Rússia somente no século passado). Muitas igrejas, sobretudo relacionadas com a Igreja ortodoxa, continuam, ainda hoje, usando esse calendário como calendário liturgico. É por isso que nas igrejas ortodoxas o natal não se celebra no nosso dia 25 de dezembro, mas dia 7 de janeiro. E tambem outras festas litúrgicas, como a Páscoa, caem em data diferente.

 

Diferença entre calendários juliano e gregoriano

Não existe muita diferença entre os calendários juliano e gregoriano. A reforma do Papa Gregório foi necessaria porque havia um erro no calendário juliano. Cada ano, no calendário juliano, se perdia 11 minutos e 14 segundos. Por isso, a cada 128 anos ficava pra trás um dia. De 325 ate 1582 foram acumulados 10 dias de diferença. Isso fazia com que a Páscoa, por exemplo, fosse celebrada em data errada. Decidiu-se, então recuperar os dias perdidos e mudar a durada média do ano. Para recuperar os 10 dias perdidos se estabeleceu que o dia seguinte ao 4 de outubro de 1582 fosse o dia 15 de outubro. Para corrigir o erro da durada média do ano, foi necessario mudar a regra que decidia quando um ano era bissexto, ou seja, os anos cuja numeração é múltipla de 100 são bisextos somente se ao mesmo tempo é também múltipla de 400. Ou seja, são bisextos 1600, 2000, 2400..., mas não 1900, 2100... Todos os outros anos em que o número é multiplo di 4 continuam bisextos. Deste modo existem, a cada 400 anos, 97 anos bisextos, enquanto que antes do papa Gregório haviam 100. A

pesar da reforma, o nosso calendário não é perfeito. De fato é necessario, de vez em quando, acrescentar 1 segundo, à meia noite do dia 31, para manter alinhado o ano astronômico com o civil. Entre 1972 e 2005 foram acrescentados 23 segundos. Mesmo com essa correção, o calendário gregoriano fica atrás de um dia a cada 3.323 anos. Como vimos, o juliano perde um dia a cada 128 anos.

 

Calendário muçulmano

A contagem dos anos do calendário muçulmano começa a partir do momento em que o profeta Maomé se mudou de Meca para Medina, no ano 622 do nosso calendário gregoriano. Essa mudança é denominada “Hegira” e por isso o calendário é chamado de Hegira.

O calendário muçulmano também é composto de 12 meses, com 29 ou 30 dias. Também tem um sistema de ano bissexto, para compensar os dias que faltam para o calendário astronômico. De qualquer forma existe uma diferença substancial entre os calendários gregoriano e muçulmano. Enquanto o gregoriano tem 365,2424 dias por ano, o muçulmano tem 354,3666. Isso dificulta um cálculo automático do calendário (veja mais aqui, em inglês).

Atualmente (em 33 de dezembro de 2013) estão no ano 1434. O último ano novo aconteceu no dia 2 de novembro, quando, para eles, era 1 Muharram 1434. 

 

Calendário copta

O calendário copta, que também aparece na foto acima, chamado ainda de calendário alexandrino, é usado pelas igrejas coptas ortodoxas do Egito e da Etiópia. Esse calendário é muito antigo e tem sua origem no calendário egípcio, reformado pelos ptolomeus, por volta do ano 300 antes de Cristo.

O ano novo copta cai no dia 11 de setembro do calendário gregoriano. A conta dos anos começa no ano 284, no período do imperador Dioclesiano, que perseguiu de forma violenta os cristãos, especialmente no Egito. A abreviação que acompanha o ano copta é “A.M” e lembra exatamente essa época (Annus Martyrum – ano dos mártires).

 

Calendário dos judeus

Para o contexto biblico, é importante sublinhar o calendário judaico. É o calendário oficial do estado de Israel e tem suas origens no calendário babilonês. Trata-se de um calendário lunar, baseado no movimento da lua. O ano é composto por 12 ou 13 meses, cada um com 29 ou 30 dias. Cada início do mês coincide com o primeiro dia da lua nova.

Antigamente, no tempo da Biblia, a determinação do início do mês era feita através da observação direta da lua, que era realizada por pessoas designadas para esse fim. Alguns ramos do judaísmo observam esse método ainda hoje. Todavia, existe um calendário fixo, baseando sempre no movimento da lua, mas que é ajustado em base ao movimento do sol. As festas hebraicas, de tradição biblica, são definidas em base a este calendário: sendo algumas intimamente ligadas ao ciclo da natureza, devem cair na estação certa.

O calendário judaico considera um siclo de 19 anos, que são divididos em normais (peshutim) e especiais (meubbarim). Os anos especiais são compostos de 13 meses. Os anos especiais são o terceiro, sexto, oitavo, décimo primeiro, décimo quarto, décimo sétimo e décimo nono do ciclo. O mês lunar dura 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 3 segundos. Isso faz com que, em relação ao calendário solar, o calendário lunar fica atrás de aproximadamente 10 dias e 21 horas num ano.

Graças ao décimo terceiro mês, se consegue recuperar essa diferença, ficando para trás apenas 7 minutos a cada ano. O ano novo no calendário hebraico se chama Hosh Hashanah, o dia do julgamento, quando Deus julga cada pessoa individualmente conforme as suas ações, estabelecendo um decreto para o ano que segue. Neste dia se toca o shofar, feito com o chifre de um animal.

O ano novo (Rosh Hashananh) cai no dia 1 do mês Tishrei. Em 2016 esse dia concidiu com o dia 2 de setembro. Algumas correntes celebram 2 dias de festa, o dia primeiro e segundo de Tishrei, enquanto que as comunidades reformistas celebram num único dia. A tradição rabínica retem que foi nesse dia que Deus terminou a criação do mundo.

O Rosh Hashanah marca a mudança do ano no calendário, todavia existem outros dois anos novos na tradição judaica: o ano novo das arvores (Tu Bishvat) e o ano novo dos reis. O novo ano das arvores, celebrado no dia 15 Shevat, marca o dia em que os dízimos da fruta são contados em cada ano. Nesse dia a festa é realizada comendo frutos tipicos da terra de Israel e plantando árvores, sobretudo com as crianças. O novo ano dos reis, que cai em 1 Nisan, recorda que era a partir desta data que, no período bíblico se contava o ano de reinado dos reis judeus.

Concretamente, Nisan é considerado o primeiro mês do calendário judaico, tanto que a ordem das festividades se baseia neste mês do calendário.

Veja nesse link o calendário judaico atual.

Próximos anos novos do calendário judaico: 25 de setembro | 2015 (5776) - 14 de setembro | 2016 (5777) - 3 de outubro | 2017 (5778) - 21 de setembro.

Calendario na tradição bíblica