O empoderamento das mulheres é uma realidade mundial. Graças a Deus, elas agora, em várias realidades, têm seus direitos reconhecidos e, ao menos no papel, estão legalmente equiparadas aos homens. Apesar disso, ainda muitas discriminações subsistem. A maioria dos cargos de liderança, que representam poder de decisão, estão nas mãos dos homens. Essa realidade parece evidente também nas igrejas. Obviamente isso vai além do fato da mulher ser pastora ou não, pois mesmo uma pastora, devido aos preconceitos, pode não ter o poder que seria naturalmente  concedido a um pastor homem. Isso sem falar da situação da Igreja Católica, que não aceita que a mulher aceda nenhum dos 3 graus do presbiterado; ela não pode ser nem diácono, nem padre e não pode ser bispo. Há uma comissão que estuda o diaconato das mulheres, mas faz passos muito lentos e existe pouca esperança em uma abertura a este ministério.

Apesar dessa exclusão hierárquica, de fato a igreja vive graças à dedicação principalmente das mulheres, que na maioria das comunidades são protagonistas da animação e da vida da comunidade, principalmente através de serviços mais modestos, sem ter um papel de destaque, oficial.

Tendo considerado essa realidade, somos chamados a refletir a partir da Bíblia, que sempre é o parâmetro para iluminar nossas vidas. Esse bom princípio pode nos levar a passos falsos, pois é normal ver como certos ambientes fazem apenas o exercício de ver se a própria realidade é refletida naquela bíblica. Isso é algo completamente errado, pois todos sabemos que em termos sociológicos, estamos falando de duas realidades distantes. Em relação ao papel das mulheres na sociedade daquele tempo, é óbvio que não existia a igualdade conquistada de hoje. Exceto casos excepcionais, a mulher era submissa, sem ter direitos a frequentar ambientes comuns aos homens. Então, não é de se estranhar que na Bíblia, Antigo e Novo Testamentos, não há passagens que mostram que as mulheres tinham cargos comparados àqueles dos pastores ou sacerdotes de hoje. É verdade que em Romanos 16,1-2 encontramos uma “diaconisa”, mas se discute o que tal título significasse então. Há igualmente outras mulheres protagonistas na Bíblia e representam exceções em relação ao modo de se comportar típico daquele tempo.

Por outro lado, o que nos deve funcionar de fundamento é o comportamento de Cristo. Nele vemos uma abertura que não é comum para aquela época (Jesus e a Samaritana, Jesus e a Madalena, etc.). Jesus deu muito espaço às mulheres e isso é muito bem sublinhando pelos evangelhos, onde a Madalena aparece como a primeira testemunha do evento central do cristianismo, que é a ressurreição. Igualmente na igreja nascente as mulheres, às vezes, foram protagonistas: lídia, Dorcas, Prisila, Lóide e Eunice.

Essa atitude de Jesus deixa evidente que não é o Senhor quem não permite que a mulher seja pastora ou sacerdote. Há muitas mulheres pastoras nas igrejas protestantes, pois entenderam que a questão de gênero da condução da igreja é algo ligado às experiências sociológicas e não um tema relativo à doutrina. No tempo dos apóstolos era assim porque esse era o costume. A nossa religião cristã não é baseada em costumes, mas em princípios de fé. E não há nenhum princípio de fé que exclua as mulheres de estar no topo da jerarquia eclesiástica.