Temos muitas informações sobre Paulo, tanto em Atos dos Apóstolos quanto nas suas próprias cartas. Logicamente as informações que temos nas cartas, escritas pelo próprio Paulo, são mais confiáveis, enquanto as que constam em Atos dos Apóstolos têm um tom mais fantástico.

Paulo, que não foi discípulo direto de Cristo, “viu” a Jesus enquanto se dirigia para Damasco para prender os cristãos. Esse evento podemos ler em Atos dos Apóstolos 9. Depois do encontro milagroso com o Senhor, ficou sem visão e tateando, e por três dias esperou por alguém, jejuando e perturbado com o que lhe havia acontecido; a partir daquele momento, pode-se dizer, nasceu Paulo, o apóstolo dos gentios: ele decidiu se retirar para o deserto, para colocar seus pensamentos em ordem e meditar mais profundamente sobre o dom que havia recebido, e ali passou três anos em absoluto recolhimento.

Os três anos no deserto são indicados pelo próprio Paulo, em Gálatas 1,17-18. Atos dos apóstolos fala simplesmente: “decorridos muitos dias”.

Depois desse tempo, Paulo retornou a Damasco e começou a pregar com entusiasmo, despertando a ira dos pagãos, que o consideravam um renegado e tentaram matá-lo, de modo que ele foi forçado a fugir.

Refugiando-se em Jerusalém, ele permaneceu lá por quinze dias, encontrando-se com Pedro, o líder dos apóstolos, e Tiago, a quem expôs sua nova vida.

Os apóstolos o compreenderam e ficaram com ele todos os dias por horas a fio, conversando com ele sobre Jesus; mas a comunidade cristã em Jerusalém desconfiava dele, lembrando-se da feroz perseguição que ele havia feito; somente graças à garantia de Barnabé, que gozava de grande autoridade, as dúvidas foram dissipadas e ele foi aceito.

Mesmo em Jerusalém, durante os quinze dias de sua estada, Paulo tentou fazer algumas conversões, mas essa sua atividade missionária irritou os judeus e preocupou os cristãos; no final, não se sentindo confortável, ele foi primeiro para Cesareia e depois voltou para Tarso, na Cilícia, sua cidade natal, retomando seu ofício de tecelão.

Não temos notícias dele por cerca de 4 anos, de 39 a 43, até que Barnabé, enviado pelos apóstolos para organizar a nascente comunidade cristã em Antioquia, foi até ele e o convidou a segui-lo; aqui Paulo abandonou para sempre o nome de Saulo, porque se convenceu de que sua missão não era tanto entre os judeus, mas entre os outros povos que os judeus chamavam de "gentios"; foi em Antioquia que os discípulos de Cristo foram chamados pela primeira vez de "cristãos".