Lucas é um discípulo e companheiro de Paulo. Não conheceu pessoalmente Jesus. Era um médico, de origem grega. Tinha bastante formação e, em síntese, poderíamos dizer que era um intelectual do seu tempo. Faz pesquisas (“acurada investigação de tudo” – Lucas 1,3) e escreve sobre Jesus (Evangelho Segundo São Lucas) e sobre a Igreja nascente (Atos dos Apóstolos). Na prática são dois volumes de uma mesma obra onde ele mostra que a salvação trazida por Jesus, apresentada aos judeus, é destinada a todos, também àqueles que não pertenciam ao mundo judeu, tradicionalmente chamados gentios.

O destinatário dessa grande obra é Teófilo:

  • Lucas 1,3-4: “... escrever-te de modo ordenado, ilustre Teófilo, para que verifiques a solidez dos ensinamentos que recebeste”
  • Atos 1,1: “fiz meu primeiro relato, ó Teófilo, a respeito de todas as coisas que Jesus fez e ensinou desde o início”.

Além dessas duas passagens, nada mais sabemos dele. Temos, portanto, em mãos apenas hipóteses. Talvez nelas encontramos  verdades que não se excluem, mas se somam.

Uma primeira hipótese é que se trata de uma pessoa rica, que alguns inclusive dizem ser de Antioquia, onde os discípulos de Cristo foram pela primeira vez chamados de “cristãos”, que teria arcado com os custos financeiros da pesquisa de Lucas. Seria, portanto, um patrocinador das obras de Lucas e provavelmente também alguém que ajudou a difundi-las. Essa hipótese é defendida, por exemplo, por Carson:

“A maneira mais natural de entender a expressão é que Teófilo era uma pessoa de verdade e o mecenas de Lucas, provavelmente pagando os custos da publicação do livro, e que por isso a ele dirigido. O adjetivo provavelmente significa que Teófilo era uma pessoa de posição” (Introdução ao Novo Testamento, Página 131).

Não menos importante é a hipótese que não se preocupa tanto com a historicidade desse personagem, mas funda seus argumentos no significado do nome, que tem sua origem na língua grega: Teos é “Deus” e “filos” significa “amigo”. Dessa forma, Teófilo seria “o amigo de Deus”, toda a pessoa que quisesse conhecer, verificar com seu próprio conhecimento quem foi Jesus e a veracidade dos fatos do início do cristianismo.

Como disse acima, as duas hipóteses não se excluem, mas se completam. As duas obras de Lucas, se destinada ao financiador da pesquisa do autor, é também destinada a todos nós, “amigos de Deus”, que buscamos conhece-lo cada vez mais de perto.