Essa frase, junto com outras do capítulo 1 desse livro sapiencial, conta basicamente como a repetição produz tédio. São frases que, lidas isoladamente, podem nos levar a ver o livro de Eclesiastes (ou Coélet) como algo muito pessimista. Ao invés, o autor é um magnífico observador da realidade que o circunda: o povo vivia um tempo difícil, quando os reinos dos gregos oprimiam os judeus, por volta do ano 250 antes de Cristo, sem deixar muita esperança de salvação. Essas primeiras frases traduzem essa constatação. Mas o leitor não pode parar nelas e deve seguir lendo, pois a alma do livro e sua mensagem não estão nesses versículos, mas no conjunto.

O autor, perante um mundo sem horizontes, fez um balanço sobre a condição humana, buscando apaixonadamente uma perspectiva de realização. Onde estaria essa realização? No livro o autor coloca uma pergunta fundamental: “Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?” (1,3).

O autor não se deixa levar pelo desespero, mas descobre e revela que Deus é o Senhor absoluto da história e do mundo e igualmente que Ele está sempre presente, fazendo o dom concreto da vida para o homem, a cada instante e continuamente.

Sei que não é exatamente essa a resposta que você buscava. Mas isso lhe ajuda a entender o livro e particularmente a frase mencionada na pergunta. Não busque aqui uma afirmação sobre a origem da terra, quando foi criada ou quanto vai sessar de existir. Ela é simplesmente uma constatação da monotonia que a vida pode ter se não for preenchida pela fé em Deus.