O nosso leitor está falando do material que cobria a “Tenda” que acompanhava o povo judeu pelo deserto, depois de ter sido libertado do Egito por Moisés. Essa tenda recebeu o nome de Tabernáculo ou Santuário. Nele estava a Arca da Aliança, que continha as tábuas da Lei, o propiciatório, o candelabro e a mesa dos pães da oblação. Conforme a descrição detalhada em Êxodo 26, essa tenda era coberta por várias cortinas, tanto de linho quanto de couro de animais, colocadas sobre travessas de madeiras. “Pele de texugo” seria o suposto material de uma dessas cortinas, aquela que ficava por cima de todas, isto é, teoricamente a mais resistente às intempéries.

Texugo é um animal tipo gambá, ao menos como tamanho, que pode ser encontrado no deserto. A verdade é que no texto hebraico de Êxodo 25,5, onde estaria a expressão “pele de texugo” (Almeida Corrigida Fiel), não há o nome desse animal, mas encontramos um termo hebraico incerto: tahash. O texto bíblico diz, literalmente “couro de tahash”. Não sabemos que animal seja. Uma hipótese é que seja couro de algum animal marinho, como a foca. Diante da dificuldade de identificar o tipo desse animal, a maioria das bíblias, como a Bíblia de Jerusalém, traduz como “couro fino”.

Note que esse termo é usado também em Ezequiel 16,10 para descrever o material de um sapato, onde a Bíblia de Jerusalém traduz como “te calcei com sapatos de ‘couro fino’” e a Almeida “te calcei com pele de texugo”.

Procurando um sentido para o termo hebraico, poderíamos considerar uma eventual conexão com a palavra usada no Egito (ths), que significava simplesmente couro esticado. Há outro termo de origem árabe (tuhas), que significa delfim.

É provável que “couro de texugo” não seja a tradução correta. O sentido claramente é “couro de boa qualidade”.