São inúmeras as passagens bíblicas que falam do Espírito Santo (veja aqui). No início, o Espírito pairava sobre as águas (Gênesis 1,2). Na história dos patriarcas, Contra toda a esperança humana, Deus promete a Abraão uma descendência, como fruto da fé e do poder do Espírito Santo. Na história do povo de Deus, as manifestações de Deus iluminam o caminho da promessa e a Tradição cristã sempre reconheceu que, nestas teofanias, o Verbo de Deus Se deixava ver e ouvir, ao mesmo tempo revelado e «velado», na nuvem do Espírito Santo.

Com os profetas, destacam-se duas linhas, incidindo uma sobre a expectativa do Messias e outra sobre o anúncio dum Espírito novo, convergindo ambas no pequeno «resto», o povo dos pobres, que aguarda na esperança a «consolação de Israel» e «a libertação de Jerusalém». Isso é bem resumido em Isaías: «Eis que vou fazer algo de novo» (Is 43, 19).

No Antigo Testamento, é muito manifesto a figura do Pai. No Novo Testamento, ao invés se manifesta o Filho e vemos a divindade do Espírito, que agora vive conosco e se manifesta a nós abertamente: graças a Ele a igreja nasceu e cresceu e continua despertando nossa fé, na nossa vida nova que ganhamos com o Batismo. Apesar disso ele é o último “aspecto” divino, ou “pessoa” a ser revelado. Trata-se de uma “progressão” pedagógica da revelação divina.

A sua função na Igreja é evidente no Pentecostes narrado por Lucas em Atos dos Apóstolos. Com a vinda do Espírito, prometido pelo Senhor, nasce a Igreja. Como lembra Paulo, “Ninguém pode dizer ‘Jesus é o Senhor’ a não ser pela ação do Espírito Santo’ (1Coríntios 12,3). A fé em Jesus só é possível no Espírito Santo. Para estar em contacto com Cristo, é preciso primeiro ter sido tocado pelo Espírito Santo. É Ele que nos precede e suscita em nós a fé. É ele que fez crescer a Igreja e a acompanha hoje na sua caminhada.

A propósito do “papel” do Espírito na Igreja, é muito interessante ler o Atos dos Apóstolos nessa perspectiva. O Espírito Santo é o protagonista desse livro, é a forza que faz com que a Boa Nova se espalhe até os confins da terra, permitindo com que a Palavra cresça e se reforce. É o próprio Jesus que deixa isso bem claro, antes de subir aos céus (Atos 1,8):

Recebereis uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós.

E os exemplos do protagonismo do Espírito se multiplicam: Atos 2 (Pentecostes); Atos 4,31 (cheios do Espírito anunciavam a Palavra); 5,3 (a mentira de Ananias contra o Espírito); 6,5 (Estêvão, primeiro mártir, cheio do Espírito Santo); 9,31 (a Igreja crescia e caminhava no temor do Senhor, cheia do Espírito Santo), etc.

O Espírito Santo, que Cristo derrama sobre os seus membros, constrói, anima e santifica a Igreja.