Esta sua pergunta está ligada ao livro de Daniel, a uma conversa entre dois “santos”, conforme lemos em 8,13-14:

“Até quando irá a visão do sacrifício perpétuo, da desolação da iniquidade, e do Santuário e da legião calcados aos pés?” E ele respondeu: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs. Então será feita justiça ao Santuário”.

Olhando na internet podemos encontrar quem faça cálculos impressionantes para chegar em resultado tal como 1843. Mas são interpretações erradas, pois não têm em conta a índole do texto, o estilo apocalíptico. Na verdade, não sabemos o sentido exato desses números e o total “2.300” dias permanece obscuro. Podemos, todavia, interpretar de maneira bastante clara o texto. É certo que Daniel está falando da reintegração dos dois sacrifícios tradicionais do templo, depois da profanação feita pelos gregos, pelos selêucidas. No tempo dessa perseguição contra os judeus, os sacrifícios no Templo foram suspendidos e o povo não via a hora de voltar ao normal, de poder voltar à Casa do Senhor e fazer suas orações. É isso que se entende pela expressão “será feita justiça”. Obviamente o texto bíblico transcende o fato histórico e esse texto pode ser lido também em chave messiânica, que vai para além do sentido histórico.

Notemos finalmente que anteriormente o profeta havia dito que passariam 3 anos e meio (veja 7,25), que correspondem a 1260 dias, referidos ao IV reino. Há, portanto, uma discordância no total de dias em assim pouco espaço entre um texto e outro. Isso mostra que não é intenção do autor dar um número exato, mas simplesmente estabelecer um limite ao 'abomínio'.

Acredito que a mensagem central não é um tempo exato, mas a certeza que as adversidades contra o Senhor não persistem no tempo, mas têm um limite, um fim. Os cálculos somente atiram a atenção de curiosos, mas ignora o âmago da mensagem.