Jesus tem vários títulos, várias expressões que descrevem quem ele era segundo o ponto de vista das pessoas que nele acreditam. Isso acontecia também com outras pessoas importantes. Aos imperadores eram dados títulos que os enalteciam, como Herodes, “o grande” (assim também Alexandre “Magno”...). A Jesus eram dados títulos que explicavam sua natureza, como acontece com “Cristo”, que significa “o ungido”, o “Messias”.

 

Criação da expectativa na história

Quando um casal começa sua história, cria alguns objetivos para a própria vida, muitas vezes baseados em aspectos que experimenta na história do mundo ou da própria família. Esses desejos podem ser materiais, como ter uma bonita mansão, ou também espiritual, como aquele de uma família unida. São desejos baseados em experiências que se veem ou se tocam no decurso da própria experiência empírica.

Na história de Israel, o povo fez uma experiência muito significativa com aquilo que aconteceu com no tempo do Rei Davi, que governou o povo de Israel por volta do ano 1000 antes de Cristo. Foi um rei muito bom. Pecou, é verdade, mas soube pedir perdão. Deu prosperidade ao povo escolhido, deu segurança ao reino e manteve a nação unida. Passou ao filho Salomão a missão de construir o Templo, preocupando-se assim com a vida espiritual do povo.

Israel, com Davi, viveu um momento idílico, que ficou na memória de todos. Depois não foi mais assim: vieram reis pouco confiáveis, que visavam o interesse próprio, que criaram desunião e não tinham fé no Senhor.

A esperança do povo era um regresso aos tempos de Davi. Para isso era preciso que nascesse um “novo Davi”, um seu descendente, alguém que restabelecesse aquele momento ideal. Essa esperança foi crescendo, primeiro de maneira muito material, com a expectativa de um reino terreno, mas aos poucos ganhou também um sentido espiritual, sendo transferida para a figura do Messias, que restabeleceria o ideal reino de Israel.

Os evangelhos, especialmente Mateus e Lucas (cf. Mateus 1,20; 9,27; 12,23; 15,22; 20,30.31; 21,9.15; Lucas 1,69; 18,39; 20,41.42), veem em Jesus esse novo Davi. É Jesus que encarna o rei ideal, que realiza as esperanças do povo de Israel. Alguns, como Judas, pensavam ainda de maneira material, no restabelecimento de um reino terrestre, que expulsasse de Israel os “invasores” romanos, mas aquilo que Cristo propõe é algo maior, um reino definitivo.