Na primeira carta de João, em 5,16-17, aparece a menção a "pecado de morte":

Se alguém vê o seu irmão cometer um pecado que não leva à morte, que ele reze, e Deus dará a vida a esse irmão. Isso quando o pecado cometido não leva para a morte. Existe um pecado que leva para a morte, mas não é a respeito desse que eu digo para se rezar. Toda injustiça é pecado, mas existe pecado que não leva para a morte.

O autor da carta está falando de oração a Deus. "Ao nos dirigirmos a Deus, podemos ter esta confiança: quando pedimos alguma coisa conforme o seu projeto, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve em tudo o que lhe pedimos, estamos certos de que já obtivemos o que lhe havíamos pedido."

Sublinhando a importância de rezar uns pelos outros, João confirma que Deus escuta os nossos pedidos. A oração é muito eficaz se rezamos uns pelos outros. Principalmente quando o outro peca, a oração serve para que o pecador seja reconduzido à vida. Tovavia, essa lógica não funciona se o seu pecado leva à morte.

É dessa passagem que nasce a teologia do pecado mortal, cuja descrição, no contexto católico, encontramos no Catequismo:

O pecado mortal requer pleno conhecimento e pleno consentimento. Pressupõe o conhecimento do caráter pecaminoso do ato, de sua oposição à lei de Deus. Envolve também um consentimento suficientemente deliberado para ser uma escolha pessoal. A ignorância afetada e o endurecimento do coração não diminuem, antes aumentam, o caráter voluntário do pecado” (CIC 1859).

O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se esse estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso. No entanto, mesmo podendo julgar que um ato é em si falta grave, devemos confiar o julgamento sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.” (CIC 1861)

O pecado mortal é, em síntese, uma ação com pleno conhecimento e consentimento de oposição ao plano divino.

Talvez poderíamos ligar essa situação à blasfência contra o Espírito Santo, pecado imperdoável citado por Jesus em Mateus 12,31-32. A esse propósito, leia uma outra resposta nesse link.