As autoridades são passíveis de comportamento errôneo e assim devem emendar a própria conduta. Nessas circunstâncias, quem está em relação com elas têm o direito e dever de chamar a sua atenção, levando para o reto caminho. Nesse processo poderia ser aplicado a regra de correção fraterna ensinada por Cristo, presente nos evangelhos (Mateus 18,15-20):

“Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, tu e ele a sós! Se ele te ouvir, terás ganho o teu irmão. Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, de modo que toda questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Se ele não vos der ouvido, dize-o à igreja. Se nem mesmo à igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um publicano. Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Eu vos digo mais isto: se dois de vós estiverem de acordo, na terra, sobre qualquer coisa que quiserem pedir, meu Pai que está nos céus o concederá. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles.”

 

O que significa questionar?

Primeiro pensei que com "questionar" você entendesse duvidar do justo comportamento de alguém. Mas você poderia também querer discutir se é certo que exista uma tal autoridade. Poderíamos, por exemplo, nos perguntar se é correto a existência do Bispo, do Papa, de um governador e assim por diante. Também nesse caso a Bíblia nos ensina de maneira espetacular.

Um primeiro episódio que podemos recordar é aquele em que os discípulos mostram a Jesus uma moeda e ele responde: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mateus 22,21). Paralelo a isso, lembremos também do encontro de Jesus com Pilatos, no processo que o condenou à morte, quando Pilatos lembra a Jesus que tem autoridade de libertá-lo, ao que Jesus lhe afirmou: “Não terias qualquer poder sobre mim, se não te fosse dado de cima" (João 19,11).

Em ambos os textos, Jesus não questiona a autoridade das pessoas, postas naquele papel graças a um poder superior, "de cima". Para Cristo, a autoridade é um serviço vindo de Deus e como tal é um bem. Mas é claro que as pessoas que exercem esse "serviço" nem sempre se dão conta e nem sempre agem corretamente.

 

Cristãos submissos à autoridade

É nessa mesma linha que podemos ler a Carta aos Romanos 13, onde Paulo fala aos cristãos sobre a submissão aos poderes civis, onde vem repetido o princípio da origem divina do poder, supondo-o naturalmente legítimo e exercido para o bem. Essa ideia é tão forte no apóstolo que mesmo com as perseguições que afligirão os cristãos no começo, ele não muda o pensamento, como podemos ver em Tito 3,1, quando lembra que os cristãos devem ser submissos às autoridades (veja também 1Timóteo 2,1-2).