O Segundo Templo de Jerusalém foi destruído no ano 70 depois de Cristo, pelos Romanos.

O primeiro Templo fora construído por Salomão, por volta do ano 950 antes de Cristo, e destruído por Babilônia no ano 587 antes de Cristo, quando os judeus foram levados para o exílio. Quando os persianos derrotaram a Babilônia, os judeus puderam voltar para Jerusalém, a partir do ano 538 antes de Cristo. Começaram então a contruir aquele que é chamado o Segundo Templo de Jerusalém. Esse templo foi reformado e engrandecido graças às obras de Herodes, na época de Cristo.

 

Destruição de 70 depois de Cristo

O Império Romano dominava a Palestina desde o ano 64 antes de Cristo. Os romanos deixavam a população bastante livre em relação às suas práticas, pedindo somente que se pagassem os impostos para o Reino. Inclusive os governantes que exerciam o governo em nome do império, normalmente era gente autóctona, como era por exemplo Herodes. Por isso os judeus puderam continuar seguindo o próprio culto, sem problemas, no Templo. Foi inclusive sob o domínio romano que Herodes engrandeceu de maneira espetacular a construção do segundo templo.

Essa "liberdade", porém não bastava para todos. As taxas e a ocupação em geral geravam rebeliões. Houveram vários grupos que provocavam desordens (Zelotas, por exemplo) e inclusive encontramos menções disso também nos evangelhos (veja Lucas 13,1). Houve uma grande revolda judaica no ano 66 depois de Cristo, conhecida como Primeira Guerra Judaica. Os revoltosos judeus ocuparam Jerusalém. Roma, guiada pelo general Tito Flavio Vespasiano, futuro Imperador Romano, não aceitou essa ação e marchou contra a cidade. Depois de um longo assédio, a cidade foi conquistada pelos romanos e, como era normal então, tudo foi destruído, inclusive o templo. Isso aconteceu em julho do ano 70 depois de Cristo.

O assédio de 4 anos foi um verdadeiro massacre para a população judaica e também uma prova enorme para o exército romano. O historiador judeu Flávio Josepo fala em mais de 1 milhão de mortos. Embora seja provavelmente um número exagerado, isso mostra a dimensão da tragédia.

Detalhes desse evento são escritos exatamente por esse historiador, um judeu, primeiro inimigo de Roma, que combateu no período dessa revolta na Galileia contra o Império, e depois colaborador dos romanos. No período do assédio a Jerusalém, ele se ofereceu para mediar o conflito. Conta tudo na sua obra Guerra Judaíca, nos livros V e VI. Portanto, embora seja necessário entender a ideologia presente nessa obra, uma visão ampla do que aconteceu no ano 70 depois de Cristo passa necessariamente pela leitura desses capítulos dessa obra.

Em uma das passagens, Flávio Josefo, falando da fome dos habitantes de Jerusalém, diz:

 "Muitos davam suas propriedades por uma medida de trigo, se fossem ricos, ou de cevada, se fossem pobres. Então se escondiam nos lugares mais isolados da casa e devoraram esses cereais sem sequer moê-los, tanta era a fome, enquanto outros os cozinhavam[...]. Não havia mais tempo para arrumar a mesa, mas a comida era retirada ainda do fogo, crua, e era cortada em pedaços. O espetáculo que se via era de desgraça, com os mais fortes usando de prepotência e os fracos reclamando. Assim as mulheres arrancaram o alimento da boca dos maridos, os filhos da dos pais e, muito mais dolorosamente, as mães da boca dos seus próprios filhos, [...] sem escrúpulos em privá-los da vida." (Guerra Judaída, V, 10.2-3.427-431.)

 Para a leitura completa da obra que conta detalhes dessa batalha, pode tentar encontrar um PDF online ou compar o livro.