Uma viagem é como um diálogo, onde a coisa mais nobre é saber escutar. Visitar a terra santa passa pela escuta também da história recente do povo que ali vive, que é cheia de peripécias.

Antigamente dizer que se viaja à Terra Santa era igual a dizer que se ía à Palestina. Hoje em dia, dizemos que vamos para Israel. Essas duas realidades coexistem também hoje. Infelizmente, essa coexistência não é pacífica e gera tensões que se repercutem em todo o mundo. São tensões que envolvem questões políticas, geográficas e religiosas. Os palestinos, árabes, normalmente muçulmanos (mas também cristãos), reivindicam o seu próprio espaço de soberania, enquanto que Israel, cujo maioria dos habitantes é de religião judaica (mas também existem cristãos), pretende exercer essa autonomia. Essa situação, no curso da história gerou guerras, atentados terroristas e até hoje é causa de conflitos.

A criação de Israel como um país foi baseada em uma resolução da ONU (1947), que decidiu pela divisão do então território da Palestina, administrado naquele tempo pela Grã-Bretanha, em dois estados: um árabe e outro judeu, com Jerusalém como um território neutro, administrado pela própria ONU. Naquela época, a maioria dos habitantes da região era árabe e a resolução da ONU foi recusada pelos governantes dos países árabes próximos da Palestina. Travou-se uma discussão diplomática e os judeus declararam a independência em 14 de maio de 1948. No dia seguinte Egito, Síria, Líbano e Iraque atacaram o novo país, fazendo com que cerca de 750 mil árabes deixassem a região e judeus que moravam nos países árabes deixassem seus lares e se tornassem cidadãos de Israel.

O novo país conseguiu, em 1949, a vitória contra os países árabes confinantes e isso lhe garantiu a sobrevivência.

Essa vitória não resolveu a questão, pois seguiram muitos conflitos, que poderíamos resumir nessa síntese:

1964: nascimento da Organização para a Libertação da Palestina (Yasser Arafat), com o Fatah como grupo político

1967: Guerra dos seis dias – Pressionado pelos movimentos dos países árabes confinantes, Israel faz uma guerra preventiva e, em seis dias, conquista a Faixa de Gaza e a Península do Sinai do Egito, as Colinas de Golã da Síria, Jerusalém Oriental e a Cisjordânia da Jordânia. Uma resolução da ONU pede que Israel devolva tais territórios, mas até continuam sob o domínio israelense.

1973: Guerra do Yom Kippur – Os países árabes derrodatos em 1967 tentam reaver seus territórios. Com o apoio dos Estados Unidos, Israel derrota os inimigos. Em reação a esta derrota, os países árabes criam a Oganização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), coisa que provocou a crise econômica da década de 70.

1979: Com os acordos de Camp David, mediados pelos Estados Unidos, Israel devolve a Península do Sinai para o Egito, que reconhece o Estado de Israel

1987: primeira intifada, reação popular palestina, com paus e pedra, contra a ocupação militar israelense. A força desproporcional entre os dois lados suscitou grande impacto na comunidade internacional. Nesse ano nasce o Hamas, que tinha como escopo a destruição do Estado de Israel.

Década de 90: Yasser Arafat e Yitzhak Rabin foram os protagonistas dos acordos de Oslo (1993 e 1995), que deu origem à Autoridade Nacional Palestina, a quem foi cedida a administração do território da Palestina, envolvendo partes da Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Consequência desse acordo foi a retirada das forças armadas israelense da Faixa de Gaza e Cisjordânia, assim como o direito dos palestinos ao autogoverno nas zonas governadas pela Autoridade Palestina.

1994: a Jordânia reconhece Israel como país e os dois estabelecem relações diplomáticas.

1995: Yitzhak Rabin é assassinado por um extremista judeu, e a extrema-direita ganha força dentro de Israel.

2000: início da segunda Intifada, liderada pelo Hamas. Consequência do conflito foi a decisão, por parte de Israel, de construir muros que separam Israel da Cisjordânia (2002)

2004: a morte de Yasser Arafat foi o culmine de conflitos sangrentos com muitas mortes em ambos os lados. Acordos de paz foram realizados, dando início a desocupação por parte de Israel da Faixa de Gaza e de partes da Cisjordânia, ações que resultaram no recebimento do Prêmio Nobel pelo primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon.

2006: a vitória do Hamas sobre o Fatah nas eleições da Autoridade Nacional Palestina elevou novamente a tensão na região, até o acordo de 2008, mediado pelo Egito.

A partir de então a região passa por períodos mais tranquilos e outros mais tensos, seja considerando a relação com os palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, seja com os países árabes vizinhos, especialmente com a Síria e o Iran.