Os livros do Novo Testamento foram escritos em grego. Existe uma hipótese em relação a Mateus, que teria sido escrito originalmente em hebraico, mas não temos certeza disso. De qualquer forma, todos os 27 livros do Novo Testamento chegaram até nós em grego.

O grego desse livros é particular se comparado com o grego clássico das obras que chegaram até nós, especialmente aquelas dos grande autores gregos: Homero, Heródoto, Hipócrates, Platão, etc. Esses autores escreveram em uma língua de uma cultura refinada, que não é a mesma daquela que encontramos no Novo Testamento. O grego bíblico que conhecemos normalmente chamamos de grego neo-testamentário. Suas características particulares, no curso da história, suscitaram explicações e especulações curiosas.

O confronte entre os dois tipos de língua grega, aquele clássico e aquele bíblico, deixava confusos os leitores que entendiam os textos. Os espertos do Renascimento julgavam o grego bíblico como de segunda categoria, pobre. A opinião deles pode ser resumida nessa frase de Claude Saumaise (1588-1653): "Como os homens [os autores do Novo Testamento], assim é também a sua linguagem. A sua língua é o chamada idiotikos, a língua comum e popular. Porque idiotas são chamados os homens do povo sem instrução literária, que usam a linguagem que o vernáculo usa em sua conversação".

Baseados nesse juízo, no século XVIII os linguistas tentaram classificar a natureza e a qualidade do grego do Novo Testamento. O resultado dessa discussão pode ser resumida em três correntes de pensamento:

  1. Os puristas, mesmo sem provas, defendiam que a língua grega do Novo Testamento era absolutamente pura e correta;
  2. Os “hebraístas”, também durante o XIX século, diziam que os escritoriso do NT tinham pensado em hebraico e traduzido o seu pensamento em grego, tendo como resultado um hebraico transposto em grego;
  3. Os empíricos diziam que os autores do NT não conheciam o grego e escreveram de maneira banal, sem cuidado com a forma gramatical correta, podendo facilmente ter errado tempos verbais ou casos gramaticais.

 

Grego Koiné

Toda essas teorias desmoronaram depois da descoberta de muitos materiais com escrita em grego, durante as últimas décadas, já a partir do século XIX. Essas descobertas revelaram uma língua comum, falada por todos na região do Mediterrâneo, dita “koiné” (comum).

Essa língua era menos correta que o grego clássico, com misturas de palavras locais ou até com frases inteiras da cultura local. O grego da Palestina, por exemplo, caracteriza-se pelo hebraico e aramaico.

Os apóstolos falavam naturalmente a língua do seu tempo, o grego koiné, e deixaram seus escritos nessa língua, que era acessível aos seus contemporâneos.

Portanto o Novo Testamento e também a LXX, a versão grega do Antigo Testamento, foram, durante muitos séculos, os únicos testemunhos dessa língua comum, antes de terem sido descobertos outros materiais arqueológicos que confirmaram a existência de uma língua grega típica do tempo de cristo.